Células progenitoras endoteliais e fatores de risco cardiovascular: uma revisão sistemática da literatura.

Abstract

As células progenitoras endoteliais (CPEs) são células originadas na medula óssea que exibem capacidade de diferenciação em células endoteliais maduras, promovendo a neovascu- larização em locais de isquémia e lesão vascular através do processo de vasculogénese pós- natal. Estas células desempenham um papel importante no contexto das doenças cardiovascu- lares (DCVs) e, por isso, têm sido objeto de investigação nas últimas duas décadas.A obtenção de dados qualitativos e quantitativos sobre as CPEs é feita através de méto- dos como a citometria de fluxo e a cultura celular, sendo a citometria de fluxo o método preferencial. Para a caraterização e identificação destas células é necessária a seleção de um fenótipo bem definido e específico, tendo sido demonstrado que a combinação do Cluster of Differentiation (CD) CD34 e kinase insert domain receptor (KDR), nomeadamente, CD34+KDR+, é o fenótipo mais utilizado em contexto de doenças cardiovasculares. No en- tanto, não existe consenso sobre o fenótipo definitivo das CPEs.Tendo em consideração a aplicabilidade deste tipo de células como biomarcadores de risco cardiovascular, o objetivo desta revisão monográfica assenta numa análise de fatores de risco modificáveis e não modificáveis, presentes na população em geral. Deste modo, pre- tende-se analisar criticamente o impacto do tabagismo, da atividade física, do peso corporal, da idade e do género no número e capacidade funcional das CPEs. Palavras-chave: célula progenitora endotelial/CPE, risco cardiovascular, tabagismo, exercício físico, peso corporal, idade, género.

Endothelial progenitor cells (EPCs) are bone marrow-derived cells with the ability to differentiate into mature endothelial cells and promote neovascularization at sites of ischemia and vascular injury, through postnatal vasculogenesis. These cells play an important role in cardiovascular diseases and, consequently, have been a target of intensive research in the last two decades. Qualitative and quantitative data on EPCs are obtained through methods such as flow cytometry and cell culture assays, with flow cytometry being the preferred method. The identification and characterization of these cells requires the selection of a well-defined and specific phenotype, and it has been shown that the combination of the Cluster of Differentiation (CD) CD34 and kinase insert domain receptor (KDR), namely CD34+KDR+, is the most commonly used phenotype in the context of cardiovascular disease. However, there is no agreement on the definitive phenotype of EPCs.Considering the applicability of EPCs as biomarkers of cardiovascular risk, this review is based on an analysis of modifiable and non-modifiable risk factors, present in the general population. Accordingly, the objective is to critically analyse the impact of smoking, physical activity, body weight, age and gender on the number and functional capacity of EPCs.Keywords: endothelial progenitor cells/EPC, cardiovascular risk, smoking, exercise, body weight, age factor/aging, sex/gender.