Relatórios de Estágio e Monografia intitulada “Polimedicação e desprescrição no doente paliativo- até quando tratar”

Abstract

O avanço na medicina e o consequente aumento da esperança média de vida têm contribuído para um maior consumo de medicamentos culminando, por vezes, em casos de polimedicação. No contexto de cuidados paliativos, em que os doentes apresentam doenças graves e/ou incuráveis e a expectativa de vida é geralmente curta, o uso de alguns medicamentos pode deixar de ser apropriado, ponderando-se a sua desprescrição. Este trabalho teve como finalidade avaliar a polimedicação e a existência de medicamentos potencialmente inapropriados, incluindo as suas causas e o seu impacto na qualidade de vida. Além disso, o objetivo incluiu a revisão do conceito de desprescrição e os casos onde esta deve ser iniciada, propondo um conjunto de etapas a seguir na sua aplicação. Por fim, pretendeu-se identificar medicamentos passíveis de serem inapropriados no doente paliativo e, por conseguinte, possíveis de desprescrever. Após pesquisa bibliográfica, foi possível verificar que a polimedicação e o uso de medicamentos potencialmente inapropriados são frequentes em doentes paliativos. Medicamentos como estatinas, antimicrobianos, anticoagulantes, bifosfonatos, protetores gástricos e antidemência representam alguns exemplos apontados para a desprescrição nestes doentes. Em suma, foi possível concluir que a revisão da medicação e a desprescrição são processos essenciais para evitar a polimedicação e existência de medicamentos potencialmente inapropriados, principalmente quando em contexto paliativo. Desta forma, é fundamental apostar mais na desprescrição, por forma a torná-la uma prática comum nos cuidados de saúde.

The advance in medicine and the consequent increase in the average life expectancy have contributed to a greater consumption of medicines culminating sometimes in cases of polypharmacy. In context of palliative care in which patients have severe and/or incurable illnesses and life expectancy is generally short so the use of some medicines may no longer be appropriated at which time deprescribing is pondered. The purpose of this study was to evaluate the polymedication and the existence of potentially inappropriate medicines including their causes and impacts on quality of life. In addition the objective included the review of the concept of deprescribing and the cases where it should be initiated proposing a set of steps to follow in its application. Finally it was intended to identify medicines that could be inappropriated in the palliative patients and therefore possible to be deprescribed. After the bibliographic research it was possible to verify that the polypharmacy and the use of potentially inappropriate medications are frequent in palliative patients. Medicines such as statins, antimicrobials, anticoagulants, bisphosphonates, gastric protectors and antidementia are some examples pointed to deprescribing in these patients. Therefore it was possible to conclude that medication review and deprescribing are essential processes to avoid polypharmacy and the existence of potentially inappropriate medicines especially when in a palliative context. In this way it is fundamental to focus more on deprescribing in order to make it a common practice in health care.