Representações da Mulher no Cristianismo Antigo: para uma tipologia do feminino na Antiguidade numa perspectiva comparada

Abstract

Esta pesquisa é um estudo acerca das diferentes perspectivas da mulher ideal no Cristianismo Antigo, dentro de uma História Comparada, e se justifica na solidificação de um conhecimento das representações de feminino no mundo Antigo. A investigação se faz a partir da mulher hebreia, seguida da grega e romana dentro de uma ordem cronológica e diacrônica objetivando compreender a mulher ideal no cristianismo Antigo. Há um entendimento na linguagem dos textos antigos, que apresenta clareza no que diz respeito ao tema, e para tanto, o testemunho de documentos e bibliografias que permitiram uma releitura do mundo antigo, buscando conhecer a história da mulher e a formação da sua identidade. Um estudo cuidadoso da mulher no universo Antigo, evidencia que a cultura, a sociedade, a filosofia – a qual levou muitas pessoas a verem a mulher como um ser inferior e subordinado – e acima destas as religiões, as quais contribuíram para legitimar o pensamento patriarcal. Sem dúvida, não foi a religião que criou a família, mas foi certamente a religião que lhe deu regras inserindo-a no seu contexto o sistema patriarcal. A superioridade masculina, nas religiões, demonstra que a ação das organizações que discursam em nome de Deus ou deuses, é por muitas vezes, violenta para com as mulheres. Necessário se faz, descobrir maneiras culturais onde a consideração ao sagrado não seja confundida com a subordinação à uma classe de gênero, que ponha homens num lugar de exclusividade, pois isso implica em violência contra a mulher. Foi essa concepção que induziu as mulheres para se compreenderem como objetos de reprodução humana, mulheres subordinadas e submissas ao senhorio do homem. Quase toda a elaboração e desenvolvimento do conhecimento sobre a mulher se dá numa ótica masculina. Essa ideologia contundente que contribuiu para a consolidação do pensamento acerca da Mulher. Na cultura patriarcal o homem sempre era percebido como o elemento dominador e a mulher como sujeito subordinado, objeto do seu uso disponível à todas as decisões. O patriarcalismo sempre oprimiu as mulheres anulando a sua liberdade e autonomia. Todavia, no decorrer da história houve mulheres que não se curvaram diante do domínio patriarcal. Mas, se destacaram na história, insubordinando-se à cultura, ocupando postos elevados atribuídos somente ao masculino. Essas mulheres viveram como elas compreendiam que uma mulher deveria viver. Como fonte básica de conteúdo, a mulher valorizou a sua experiência e singularidade. E como critério interpretativo, ao invés de procurar a verdade em uma tradição histórica, que se baseia na experiência masculina, ela compreendeu que deveria viver de acordo ao padrão as suas próprias experiências. Ao analisar a visão que o Mundo Antigo construiu acerca da imagem da mulher ideal, de acordo com os valores sociais, mentais, religiosos, e culturais no momento em que este conceito se padronizou, possibilitou uma análise de como isto influenciou na idéia de feminino no cristianismo antigo.

This research is a study of the different perspectives of the ideal woman in Old Christianity, within a Comparative History, and is justified in the solidification of a knowledge of the representations of feminine in the Ancient world. The investigation is made from the Hebrew woman, followed by the Greek and Roman within a chronological and diachronic order aiming at understanding the ideal woman in Old Christianity. There is an understanding in the language of the ancient texts, which presents clarity regarding the theme, and for that, the testimony of documents and bibliographies that allowed a rereading of the ancient world, seeking to know the history of women and the formation of their identity. A careful study of the woman in the Ancient universe shows that culture, society, philosophy - which led many people to see women as inferior and subordinate - and above these the religions, which have contributed to legitimize patriarchal thinking . Undoubtedly, it was not the religion that created the family, but it was certainly the religion that gave it rules by inserting it in its context the patriarchal system. Male superiority, in religions, demonstrates that the action of organizations that speak in the name of God or gods is often violent toward women. It is necessary to do this, to discover cultural ways where consideration for the sacred is not confused with subordination to a gender class, which places men in a place of exclusivity, since this implies violence against women. It was this conception that induced women to understand themselves as objects of human reproduction, subordinate women and submissive to the lordship of man. Almost all the elaboration and development of the knowledge about the woman takes place in a masculine perspective. This overwhelming ideology contributed to the consolidation of thinking about Women. In patriarchal culture man was always perceived as the dominating element and woman as subordinate subject, object of its use available to all decisions. Patriarchalism has always oppressed women by nullifying their freedom and autonomy. However, in the course of history there were women who did not bow before patriarchal rule. But, they stood out in history, insubordinando to the culture, occupying high positions attributed only to the masculine. These women lived as they understood that a woman should live. As a basic source of content, the woman valued her experience and uniqueness. And as an interpretive criterion, instead of looking for the truth in a historical tradition, which is based on the male experience, she understood that she should live according to the standard her own experiences. In analyzing the view that the Old World buit on the image of the ideal woman according, to the social, mental, religious and cultural values at the time this concept was standardized, it made possible an analysis of how this influenced the idea of feminine in the old christianity.