A solidão das mães na primeira gravidez: estudo exploratório sobre as experiências de solidão da mulher durante a primeira gravidez

Abstract

A primeira gravidez, por implicar um conjunto de alterações profundas no que respeita ao estilo de vida da mulher, pode gerar sentimentos de marginalização, isolamento e solidão. Tais sentimentos poderão anteceder a depressão do pós-parto. É, portanto, vital compreender a sua origem e entender as preocupações das novas mães a fim de poder, posteriormente, trabalhar na sua prevenção. O principal objetivo deste estudo foi avaliar temas habitualmente relacionados com a solidão na gravidez e compreender em que medida é que efetivamente se correlacionam com a perceção de solidão das mulheres na primeira gravidez. Os temas avaliados foram: o suporte social, a empatia nas relações conjugais e as crenças disfuncionais associadas à gravidez. Relativamente à metodologia desta investigação, foram usados três instrumentos de autopreenchimento – o Pregnancy Related Beliefs Questionnaire (PRBQ), a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS) e a Escala de Solidão Social e Emocional (SELSA-S) – aos quais responderam, de forma completa, 777 mulheres grávidas ou que tivessem dado à luz há menos de 6 meses. A principal conclusão obtida remete à importância do suporte social como fator de prevenção no aparecimento de sentimentos de solidão, havendo uma correlação negativa forte (-.766) entre a satisfação com o suporte social e a perceção de solidão. Quanto à existência de empatia nas relações conjugais, os resultados apontam para que seja também ser uma importante fonte de proteção, destacando-se positivamente na análise relativa à satisfação com o suporte providenciado e na forte correlação negativa (.762) com a presença de sentimentos associados à solidão. Em relação às crenças disfuncionais associadas à gravidez, os resultados apontam para uma correlação fraca (.385) com a perceção de solidão das novas mães avaliadas.

The first pregnancy, by implying many profound changes in a woman lifestyle, may raise feelings of marginalization, isolation and loneliness. Such feelings may precede postpartum depression. Therefore, it is vital to comprehend their origin and understand the concerns of the new mothers, in order to be able to work on their prevention later on. The aim of this study is to evaluate issues usually related to the perception of loneliness in first-time mothers. The themes evaluated were: social support, empathy in romantic relationships and the dysfunctional beliefs associated with the pregnancy. Regarding the methodology of this research, three self-report instruments were used - the Pregnancy Related Beliefs Questionnaire (PRBQ), the Satisfaction Scale of Social Support (ESSS) and the short version of the Social and Emotional Loneliness Scale for Adults - which were fully answered by 777 women who were pregnant or who had given birth in less than 6 months. The main conclusion refers to the importance of social support as a preventive factor in the emergence of feelings of loneliness, having a strong negative correlation (-.766) between the satisfaction with the social support and the perception of loneliness. About the existence of empathy in romantic relationships, the results point that this is also an important source of protection, highlighting the positive analysis on the satisfaction with the support provided and the strong negative correlation (.762) with the presence of feelings associated with loneliness. Regarding the dysfunctional beliefs associated with the pregnancy, the results indicate a weak correlation (.385) with the perception of loneliness among first-time mothers.