Estratégias de memória: Diferenças entre grupos etários

Abstract

O envelhecimento comporta várias alterações quer físicas, quer cognitivas. Entre estas últimas, a mais proeminente é o declínio na memória, procurando os indivíduos adaptarem-se para colmatar essas dificuldades. Assim, as estratégias de compensação têm-se revelado úteis na codificação e evocação de informação, reduzindo ou até eliminando as diferenças no desempenho mnésico entre adultos jovens e adultos idosos. O objetivo principal desta investigação consistiu na análise de diferenças etárias na utilização de estratégias de compensação e quais os efeitos destas na memória. Procedeu-se à aplicação de um protocolo de avaliação num grupo de adultos jovens (n=40) e num grupo de adultos idosos(n=40). Foram administrados os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, Lista de Palavras I e II, Questionário de Compensação da Memória (MCQ), Inventário de Depressão de Beck – II, Escala de Depressão Geriátrica – 30 itens, Exame Cognitivo de Addenbrooke – Revisto, e o Inventário de Avaliação Funcional de Adultos e Idosos. Os resultados evidenciaram que os adultos jovens têm melhor desempenho do que os adultos idosos no teste de memória, como seria de esperar. Quanto à utilização de estratégias de compensação da memória, apenas nas escalas “sucesso” e “mudança” do MCQ existiram diferenças significativas entre ambos os grupos etários. Relativamente à relação destas, especificamente das estratégias SOC (Selection, Optimization and Compensation), com o desempenho mnésico, no grupo de adultos jovens, verificou-se que a estratégia “tempo” se correlacionou com a memória, assim como as estratégias internas de compensação. No grupo de adultos idosos, as estratégias “esforço” e “confiança nos outros” correlacionaram-se com o desempenho mnésico. Nesta faixa etária, foi ainda registada uma correlação significativa da memória com a pontuação global do MCQ permitindo inferir que os adultos idosos beneficiam da utilização de estratégias SOC para recordar informação.

Aging involve physical and cognitive changes. Among the last one, the most proeminent change is the memory decline, seeking individuals to adapt to overcome these difficulties. Therefore, compensation strategies have been shown to be useful in encoding and recalling information, reducing and even eliminating the memory performance differences between young and old adults.The main goal of this work consisted in the analysis of the age differences in the use of compensation strategies and their effects on memory. An assessment protocol was applied in a group of young adults (n=40) and in a group of old adults (n=40). The following instruments were applied: demographics questionnaire, Words List I and II, Memory Compensation Questionnaire (MCQ), Beck Depression Inventory – II, Geriatric Depression Scale – 30 items, Addenbrooke Cognitive Examination – Revised, and Inventário de Avaliação Funcional de Adultos e Idosos (Inventory of Functional Assessment of Young and Older Adults).The results showed that young adults perform better than old adults in the memory test, as one would expect. In terms of the use of memory compensation strategies, only on the “success” and “change” scales of the MCQ were observed significant differences between age groups. In relation to the effect of these on memory, specifically SOC strategies (Selection, Optimization and Compensation), in the group of young adults, it was verified that the “time” strategy was correlated with memory, as well as internal compensation strategies. In the group of old adults, the strategies “effort” and “reliance on others” was correlated with memory performance. In this age group, it was still recorded a significant correlation of memory performance with the total score of the MCQ, allowing to infer that old adults benefit from their use to recall information.