A Re(Construção) do Califado: O Estado Islâmico no Iraque e na Síria

Abstract

This Dissertation will focus its analysis on the period of time between the rise to power of Abu Bakr al-Baghdadi inside the Islamic State, during the year of 2010, and the start of the battle for Mosul, during the trying of reconquest of the city by the forces of the International Community coalition to defeat the Daesh. We analyse the way that the group organised itself to try to recover the Muhamad Islamic Caliphate. The Montevideo Criteria define that a State is an organisation composed by a territory, a people and a government. To this Dissertation this is also the definition that we use, analysing the way that Daesh conquer a territory and organised itself in order to govern a population. The Academy of International Relations tends to analyse the World with the dogmatic Occidental lens, ignoring the cultural specificities of the four corners of the World. We analyse the concept of Terrorism, but also other specific concepts from the Islam, in order to understand the organization and its operation. The Islamic State assumes itself as being the biggest terrorist group to the date, overcoming al-Qaeda, having as its main goal the creation of a Caliphate to every Muslim who whishes to live under the law of Sharia. For some, this group is just a terrorist group but, for others, this organization assumes itself as a Revolutionary State, which can be equated to the decolonisation movements of the 20th century. In the last years, the Islamic State assumed the sphere of the mediatic power. The prophet left a juridical legacy, the Shariah, which is constituted by the Koran, as also by the sayings and the actions of Muhamad. This is the legacy that not only inspires the Islamic State, as also defined its goals. This Dissertation argues that the group organised itself in a very similar way to the Sovereign States recognised by the International System, applying in a radical way the Sharia Law. Another conclusion is the fact that the Islamic State has not any ambition to being recognised by the International Community, but only to be a State where every Muslim can live.

Esta Dissertação irá focar a análise no período compreendido entre a ascensão de Abu Bakr al-Baghdadi ao poder do Estado Islâmico, no ano de 2010, e o princípio da batalha por Mossul em 2016, aquando a tentativa de reconquista da cidade por parte das forças da coligação da Comunidade Internacional para derrubar o Daesh. Analisamos a forma como ele se organizou, procurando recuperar aquele que foi o Califado Islâmico de Maomé. Os Critérios de Montevideo definem que um Estado é uma organização composta por um território, um povo e um governo. Para esta Dissertação esta é, também, a definição utilizada, analisando a forma como o Daesh conquistou um território e se organizou de forma a governar uma população. A academia das Relações Internacionais tende a analisar o Mundo, com lentes dogmáticas ocidentais e, ignorando as especificidades culturais que dos quatro cantos do Mundo, para além do Ocidente. Para além do conceito de terrorismo, são analisados outros conceitos específicos do Islamismo são analisados com detalhe nesta Dissertação de forma a a compreensão da organização e do seu funcionamento. O Estado Islâmico assume-se como sendo o maior grupo terrorista até à data, superando a al-Qaeda, tendo como objetivo a criação de um Califado para que todos os Islâmicos possam viver de acordo com a lei da Shariah. Para uns, este grupo é apenas um grupo terrorista, mas, para outros, este assume-se como um Estado Revolucionário, podendo ser equiparado aos movimentos descolonizadores do passado século XX. O Estado Islâmico, nos últimos anos, assumiu a esfera do poder mediático. O Profeta que fundou o Islamismo, deixou um legado jurídico, a Shariah, que é constituída pelo livro sagrado, o Corão, bem como os ditos e os atos de Maomé. Este é o legado que não só vai inspirar o surgimento do Estado Islâmico, como também definir os seus objetivos e as suas ações. Esta Dissertação argumenta que o grupo se organizou de uma forma muito semelhante à de um Estado Soberano reconhecido pelo Sistema Internacional, aplicando, porém, a lei da Shariah de uma forma radical. Uma outra conclusão refere-se ao facto de o Estado Islâmico não ambicionar qualquer reconhecimento por parte da Comunidade Internacional, mas apenas um Estado onde todos os Islâmicos possam viver.