Corpos transviados, corpos falhados: a arte Queer do fracasso no desporto

Abstract

A partir do lugar desafiante que corpos protésicos e corpos intersexo ocupam no desporto, proponho pensá-los como uma interrupção positiva na “normalidade”, com potencial político na criação de uma identidade híbrida que recusa o encaixe em categorias estanques, tanto de género como de corporeidades (capaz/incapaz, “normal”/ “deficiente”). Para referir-me a essa interrupção positiva faço uso de um conceito trabalhado pelo feminismo digital – glitch –, usado como metáfora dos erros em códigos binários, e situarei estes corpos transviados como lugares de resistência ao regime capacitista à luz da teoria crip desenvolvida por Robert McRuer e da teoria da arte do fracasso de J. Halberstam.

Starting out from the challenging place that prosthetic bodies and intersex bodies occupy in sport, I propose to think of them as a positive disruption in "normality", with political potential in the creation of a hybrid identity that refuses to fit in tight categories, both of gender and corporeity (capable / incapable, "normal" / "disabled"). To refer this positive interruption, I borrow a concept appropriated by digital feminism – glitch –, used as a metaphor for errors in binary codes. I will consider these misplaced bodies as places of resistance to the ableist regime, anchored by the crip theory developed by Robert McRuer and the idea of the art of failure by J. Halberstam.