Bullying na Adolescência: Estudo das relações entre vitimização, inteligência emocional, confiança interpessoal, saúde mental e satisfação com a vida

Abstract

A presente investigação centra-se na análise das possíveis relações entre o bullying/vitimização, inteligência emocional, confiança interpessoal, saúde mental e satisfação com a vida procurando analisar igualmente se existem diferenças nestes constructos em função do género. Far-se-á também referência às consequências que podem advir da exposição, por parte dos adolescentes, a um tipo de violência intencional e repetida, no seio escolar. Num último momento, analisou-se o valor preditivo da inteligência emocional na vitimização e da vitimização e a satisfação com a vida.A amostra utilizada para esta investigação é constituída por 330 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos, a frequentar o 3º ciclo de dois estabelecimentos de ensino públicos da zona norte e centro de Portugal. De entre os instrumentos utilizados constam um Questionário Sociobiográfico; a Generalized Trust Beliefs-Late Adolescents (CGC-A); a Escala de Satisfação com a Vida (SWLS); a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress para crianças (EADS-21-C); o Inventário de Quociente Emocional versão para jovens/forma reduzida (EQI-YV); a adaptação portuguesa do Multidimensional Peer Victimization Scale (MPVS); e, por fim, a Escala Revista de Solidão da UCLA (Revised UCLA Loneliness Scale).Os resultados indicam que há uma relação positiva e significativa entre vitimização e as variáveis relacionadas com a saúde mental (ansiedade, depressão e stress); constatou-se a existência de relações negativas e significativas entre vitimização e a inteligência emocional, confiança interpessoal e satisfação com a vida, sendo que a inteligência emocional atuou como uma variável preditiva da vitimização, assim como a vitimização permitiu predizer uma menor satisfação com a vida. Relativamente às diferenças entre géneros, constatou-se que apenas não há diferenças estatisticamente significativas na vitimização social, enquanto essas diferenças se revelaram na vitimização física, verbal e ataque à propriedade.Uma vez que o bullying é um fenómeno com inúmeras consequências nos vários domínios do desenvolvimento do indivíduo, torna-se importante investir em estratégias de prevenção e intervenção, de modo a erradicar este fenómeno que tem vindo a crescer.

This research focuses on the possible relationship between bullying, emotional intelligence, interpersonal trust, mental health and satisfaction with life, trying to analyze if there are differences in these constructs according to gender. Reference will also be made to the consequences that may result from the exposure, of adolescents, to a type of intentional and repeated violence in the school. Finally, we analyzed the predictive value of emotional intelligence in victimization and victimization and satisfaction with life.The sample used for this research consists of 330 adolescents aged between 12 and 17 years, attending the 3rd cycle of two public schools in the north and center of Portugal. Among the instruments used are: a Sociodemographic Questionnaire; the Generalized Trust Beliefs-Late Adolescents scale (CGC-A); the Satisfaction With Life Scale (SWLS); the Anxiety, Depression and Stress scales for children’s (EADS-21-C); the Emotional Quotient Inventory–Young Version/shor-form (EQI-yv); an Portuguese adaptation of Multidimensional Peer Victimization Scale (MPVS) and, finally, the Revised UCLA Loneliness Scale.The results indicate that there is a positive and significant relationship between victimization and as variables related to mental health (anxiety, depression and stress); it was verified the existence of negative and significant relationships between victimization and emotional intelligence, interpersonal trust and satisfaction with life, with intelligence acting as a predictive variable of victimization, just as victimization allows predicting less satisfaction with life. With regard to gender differences, it was found that there were only no statistically and significant differences between genders in social victimization, while these differences were observed in physical, verbal, and attacking property.Since bullying is a phenomenon with numerous consequences in the various domains of the development of the individual, it becomes important to invest in prevention strategies and new interventions, in order to eradicate this phenomenon that has been growing.