Utilização e atitudes relativas às TIC como fator protetor ou promotor de sintomatologia depressiva, tendo como variável moderadora a autocompaixão

Abstract

O envelhecimento populacional é, atualmente, um dos fenómenos demográficos mais importantes da sociedade moderna. Sabe-se que a população com mais de 65 anos tem vindo a aumentar nas últimas décadas, consequência do aumento da esperança média de vida (Veríssimo, 2014). Como tal e atendendo às variáveis que pretendíamos englobar no nosso estudo, considerámos que seria pertinente ter como população-alvo sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos. Os fatores que motivaram esta escolha relacionam-se com o facto desta faixa etária populacional ter uma elevada representação, bem como por ter sido, ainda menos investigada no que às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), Depressão e Autocompaixão diz respeito. Através desta investigação, com uma amostra de 427 sujeitos com idades compreendidas entre os 60 e os 94 anos, propusemo-nos tentar perceber de que forma a utilização das TIC poderá constituir um fator de proteção ou de promoção da depressão, que constitui a patologia psiquiátrica mais frequente em pessoas com idade superior a 60 anos. Sabendo que a depressão se trata de um problema de saúde pública, importante não só pela sua prevalência, mas também por estar associada ao aumento do risco de suicídio e à diminuição das capacidades física, cognitiva e social (Taylor, 2014), considerámos fundamental perceber a interação existente entre as variáveis mencionadas. Por outro lado, a pertinência de incluir a autocompaixão como variável moderadora reside no facto desta ser perspetivada, por alguns autores, como uma estratégia de regulação emocional (Neff, 2011) e, quando presente, estar inversamente associada a níveis reduzidos de psicopatologia (Barnard & Curry, 2011). Os resultados mostraram que menores níveis de autocompaixão estão associados a maiores níveis de depressão e que quanto maior for a utilização das TIC e a atitude positiva face às mesmas menores são os níveis de depressão. Embora a autocompaixão seja a variável que se apresenta como a mais protetora da depressão, a utilização das TIC parece contribuir também com um efeito protetor.

Population ageing is one of the most important demographic phenomena in modern society. It is known that the population over 65 has been in the last decades, as a consequence of the increase of the average life-span (Veríssimo, 2014). As such and considering the variables that we intended to include in our study, we considered that it would be interesting to have as target population subjects aged 60 or over. The factors that motivated this choice are related to the fact that this age group has a high representation, as well as to have been even less investigated as to Information and Communication Technologies (ICT), Depression and Self-compassion is about.Through the following investigation, with a sample of 427 subjects between the ages of 60 and 94, we proposed to try to understand how use of ICT could be a protecting or promoting factor depression symptoms, which is the most frequent psychiatric condition in people of age over 60 years. Knowing that depression is a public health problem, important not only because of its prevalence but also because it is associated with an increased risk of suicide and a decrease in physical, cognitive and social capacities (Taylor, 2014), we considered it essential to perceive the interaction between the mentioned variables. On the other hand, the relevance of including self-compassion as a moderating variable it becomes in the fact that it is perceived by some authors as a strategy of emotional regulation (Neff, 2011) and when it exists at high levels is inversely associated with reduced levels of psychopathology (Barnard & Curry, 2011).The results showed that lower levels of self-compassion are associated with higher levels of depression and that the higher the use of ICT and positive attitude towards the same the lower will be the levels of depression. Although self-compassion is the variable that is the most protective of depression, the use of ICTs also seems to contribute with a protective effect.