"Doença inflamatória intestinal e a gravidez"

Abstract

Enquadramento: A doença inflamatória intestinal que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa envolve frequentemente mulheres em idade fértil, afetando de diferentes formas a reprodução humana. São várias as preocupações ligadas ao impacto da doença inflamatória intestinal em relação à fertilidade, à gestação e também ao tratamento destas doentes. Com a crescente prevalência da doença na maior parte dos países desenvolvidos, torna-se cada vez mais relevante a monitorização e aconselhamento específico destas pacientes.Material e métodos: Pesquisa bibliográfica na Pubmed, B-On, e Uptodate no sentido de realizar uma revisão de literatura científica atual. Foram utilizados os termos MESH adequados a cada base de pesquisa para artigos de revisão, artigos científicos e artigos de investigação, publicados entre o ano de 1990 até ao ano de 2016, em Inglês e Português.Resultados: A gravidez em mulheres portadoras de doença inflamatória intestinal apresenta um risco acrescido de complicações e por isso estas doentes devem ser vigiadas por uma equipa multidisciplinar (obstetra e gastroenterologista) antes e durante a gravidez. É consensual que quando em remissão da doença, a gravidez apresenta um desfecho favorável e com menos complicações, sendo fundamental manter um tratamento eficaz para a doença e simultaneamente seguro para a gravidez.Conclusões: Os atuais dados disponíveis limitam a possibilidade de desenhar conclusões específicas e definitivas, mantendo a controvérsia em muitos pontos do seguimento destas doentes. A prematuridade e o baixo peso à nascença são as complicações com maior incidência; ainda assim nem a doença de Crohn nem a colite ulcerosa parecem estar obrigatoriamente associadas a uma gravidez de risco. Com uma vigilância adequada, a gravidez nestas mulheres tem um desenvolvimento semelhante às mulheres sem a doença. Mais estudos-controlo deviam ser instigados de forma a obter uma monitorização própria e segura nestas doentes.

Background: Inflammatory bowel disease (Crohn’s Disease and ulcerative colitis) frequently affects women in childbearing age, influencing human reproduction in many ways. Regarding the disease, there are several concerns such as fertility, pregnancy and treatment. With increasing prevalence of this disease in the majority of developed countries, specific monitoring and counseling of the disease becomes extremely important. Objectives and methods: Bibliographic search in “Pubmed”, “B-On” and “Uptodate” was performed to generate a thorough review upon the actual scientific literature using the adequate MESH terms. The search included reviews, scientific studies and control trials published between 1990 and 2016, in English and Portuguese.Results: Women with IBD have an increased risk of adverse events during pregnancy, consequently they should be monitored by a multi-disciplinary team (obstetrician and gastroenterologist) before and during pregnancy. The average opinion is that while in remission, pregnancy can have a favorable outcome and a lower risk of complications, therefore an appropriate treatment should be maintained. Conclusions: Available data limits the possibility of drawing a final conclusion in many aspects of this issue. Besides an increased incidence of preterm births and low birth weight babies, neither Crohn’s disease nor ulcerative colitis are associated to adverse pregnancy outcomes as long as these women maintain regular follow-ups, pregnancy outcomes are comparable to those women without the disease. More control trials should be encouraged in order to obtain a safe and specific monitoring for these patients.