Explorando Controvérsias na Perturbação de Personalidade Borderline

Abstract

Apesar de existirem critérios que permitem o seu diagnóstico, a Perturbação de Personalidade Borderline é, ainda, uma entidade que permanece no limbo pela elevada frequência de comorbilidades com outras patologias psiquiátricas. A temática emerge não só pelas sucessivas tentativas de definição de um estado psiquiátrico limite – refira-se que o termo borderline foi extensamente usado por diversos autores do século XIX para descrever doentes que se consideravam no limbo entre a neurose e a psicose -, mas sobretudo pelo facto de a evolução construtiva deste conceito ainda permanecer fortemente marcada pela incerteza e ambiguidade. E aqui residiu a oportunidade e pertinência deste trabalho final. Através de uma revisão de literatura de artigos constantes nas bases de dados MedLine/Pubmed, este trabalho permitiu aprofundar o estudo de potenciais temas de ambiguidade conceptual. Mediante a abordagem da sobreposição com um espectro de entidades clínicas relevantes – a Depressão Major, a Perturbação Bipolar, a Perturbação de Stress Pós-Traumático, a Esquizofrenia e o Consumo de Substâncias Psicoativas - explorando controvérsias, esta investigação facultou uma caracterização mais assertiva e holística desta perturbação de personalidade. Segundo a nossa ótica, a característica fundamental da Perturbação de Personalidade Borderline sustentou-se num autêntico polimorfismo sintomático, núcleo da controvérsia e perpetuador do paralelismo com o domínio prestado por outras psicopatologias. A multiplicidade dos sintomas refletiu uma imprecisão conceptual, que se repercutiu pelas dinâmicas do diagnóstico, tratamento e prognóstico. Contudo, apesar dos potenciais de sobreposição evidentes, a fenomenologia borderline acabou por se dissociar, cristalizando-se numa entidade singular e definitivamente individualizada.

Although there are criteria that allow for its diagnosis, Borderline Personality Disorder is still an entity that remains in limbo due to the high frequency of comorbidities with other psychiatric conditions. The theme emerges not only through successive attempts to define a borderline psychiatric state - it should be noted that the term borderline was extensively used by several nineteenth-century authors to describe patients they considered to be in the middle between neurosis and psychosis – but also because the constructive evolution of this concept remains strongly marked by uncertainty and ambiguity. And here we can find the opportunity and pertinence of this final work. Through a literature review of articles in the MedLine / PubMed databases, this work allowed us to deepen the study of potential issues of conceptual confusion. Through the approach of overlapping with a spectrum of relevant clinical entities - Major Depression, Bipolar Disorder, Post-traumatic Stress Disorder, Schizophrenia and Substances Abuse - exploring controversies, this investigation has provided a more assertive and holistic characterization of this personality disorder. According to our point of view, the fundamental characteristic of PPB was based on an authentic symptomatic polymorphism, nucleus of the controversy and perpetuator of the confusion with the domain provided by other psychopathologies. The multiplicity of symptoms reflected a conceptual imprecision, which affected the dynamics of diagnosis, treatment and prognosis. However, despite obvious overlapping potentials, borderline phenomenology eventually dissociated, crystallizing into a singular and definitely individualized entity.