Diagnóstico e seguimento de Cancro da Bexiga Não Músculo-invasivo

Abstract

Introdução: O cancro da bexiga é o 9º mais prevalente no mundo, com pico de incidência entre a sétima e oitava décadas de vida e mais comum em homens. O cancro da bexiga não músculo-invasivo (CBNMI) conta com cerca de 75% de todos os casos e é caracterizado por elevadas taxas de recorrência (50%) e progressão (10%), requerendo um cuidadoso follow-up. A cistoscopia de luz branca (CLB) é o gold standard do diagnóstico de cancro da bexiga, seguido de avaliação histológica do tecido ressecado na resseção transuretral da bexiga (RTU-V). Apesar do seu papel central no diagnóstico e follow-up de CBNMI, a CLB tem uma elevada taxa de falsos positivos (cerca de 20%), responsáveis por RTU-Vs desnecessárias. O objetivo deste trabalho é analisar os fatores que podem estar envolvidos nestas elevadas taxas de falsos positivos da CLB, o que pode ajudar urologistas a tomar a decisão entre propor o doente para RTU-V ou continuar o follow-up. Métodos: Realizámos um estudo retrospetivo tipo coorte, no qual analisámos informações clínicas de 418 doentes que foram sujeitos a RTU-V no CHUC desde 1 de janeiro de 2015 até 31 de dezembro de 2016.Resultados: Foram incluídos 418 doentes no estudo, 25,4% do sexo feminino e 74,6% do sexo masculino, com uma média de idades de 71,58 anos. A cistoscopia teve uma taxa de falsos positivos de 31,6%. Das variáveis estudadas, as que se relacionaram com o facto da RTU-V ser branca foram o tumor não ser primário (p<0,001), o diagnóstico necessitar de cistoscopia pré-operatória (em oposição a apenas diagnóstico imagiológico) (p<0,001) e o resultado da citologia não ser carcinoma de alto grau (p=0,004). Conclusão: A cistoscopia apresentou neste estudo uma taxa muito elevada de falsos positivos. Quando o resultado da citologia é carcinoma de alto grau, a probabilidade da RTU-V ser branca é menor. A citologia positiva para carcinoma de baixo grau não se correlacionou com maiores taxas de neoplasia que a citologia negativa.Palavras-chave: cancro da bexiga não músculo-invasivo, cistoscopia, follow-up, recidiva

Introduction: Bladder cancer is the 9th most prevalent cancer worldwide, with a peak incidence between the seventh and eighth decades of life, and appearing more commonly in men. Non-muscle invasive bladder cancer (NMIBC) accounts for around 75% of all cases and it is characterized by its high rates of recurrence (50%) and progression (10%), that require careful follow-up. White light cystoscopy (WLC) is the gold standard for bladder cancer diagnosis, always followed by histological evaluation of resected tissue on transurethral resection of the bladder (TURB). Although its central role in diagnosis and follow-up of NMIBC, WLC has a high rate of false positives (around 20%), responsible for unnecessary TURB procedures. The aim of this paper is to understand what can be involved in such high rate of false positives of WLC, in order to help urologists make better prediction regarding the need of TURB or simply maintaining follow-up.Methods: We performed a retrospective cohort study and analysis of clinical data of 418 patients who underwent TURB procedure in our center from January 1st, 2015 to 31st December 31st, 2016.Results: 418 patients were included in this study, 25,4% female and 74,6% male, with a mean age of 71,58 years. The rate of false positives of cystoscopy was 31,6%. Of all the variables studied, there was statistic significant association between TURB without tumour and: non-primary tumours (p<0,001), pre-operative cystoscopy required for diagnosis (as opposed to just imaging studies) (p<0,001) and a result of cytology other than high grade carcinoma (p=0,004).Conclusion: Cystoscopy had a high rate of false positives in this study. High grade carcinoma in cytology is a good predictor of presence of tumour in the resection; low-grade was no different than negative cytology in predicting presence of neoplasia on resection sample. Keywords: non-muscle invasive bladder cancer, cystoscopy, recurrence, follow-up