Hepatite tóxica: a experiência de um serviço de Gastrenterologia

Abstract

Introduction: Drug induced liver injury (DILI) is a liver injury caused by inalation, ingestion or parenteric administration of pharmacological agents or chemicals. It’s the main cause of acute liver failure in western countrys and the most frequent indication for drug withdrawal from the pharmaceutical market. Aims: Analyze the clinical manifestations, diagnostic exams, liver transplant procedure and evolution of the patients diagnosed with DILI.Materials and methods: Retrospectively, it was collected and analyzed the data of all hospitalized patients with the diagnosis of DILI in CHUC, between 2005 and 2014. Proceeded to the statistical analysis of the results using the SPSS. Results: Sixty five patients met the inclusion and exclusion criteria. Mushrooms were the main cause of DILI in 27.7% of the patients. The most frequent clinical manifestations were jaundice (60%), vomits (49.2%) and abdominal pain (45.3%). Seventeen patients (26.6%) had liver failures. Nine patients (13.8%) performed to liver transplant. The mortality rate was of 12.3%. No significant changes were observed between patients with previous liver disease and patients without previous liver disease. Patients who developed liver failure differed significantly from patients who didn’t develop liver failure in the type of liver injury, when the etiological agent was wild mushrooms, in the presence of vomiting and diarrhea, laboratory tests of admission and in the intercurrences and evolution. There was a statistical difference in the same parameters between the patients who survived and the patients who died. MELD score was associated to liver failure and death. Conclusion: DILI led to liver failure and death in a considerble number. In this study MELD had a excellent descriminatory power of the prognosis in patients with DILI.

Introdução: A hepatite tóxica é considerada como a lesão hepática causada por inalação, ingestão ou administração parentérica de agentes farmacológicos ou químicos. É a principal causa de falência hepática aguda nos países ocidentais e a causa mais frequente de remoção de medicamentos do mercado. Objetivos: Analisar a apresentação clínica, exames complementares de diagnóstico, realização de transplante hepático e o perfil evolutivo do doente com hepatite tóxica.Materiais e métodos: Colheu-se e analisou-se retrospetivamente os dados do casos de hepatite tóxica internados no CHUC, entre 2005 e 2014. Procedeu-se à análise estatística dos resultados com recurso ao SPSS.Resultados: 65 doentes cumpriram os critérios de inclusão e exclusão. Os cogumelos foram a principal causa de hepatite tóxica, sendo responsáveis por 37.7% dos casos. As manifestações clínicas mais frequentes foram a icterícia (60%), os vómitos (49.2%) e a dor abdominal (45.3%). Dezassete doentes (26.6%) desenvolveram falência hepática. Nove doentes (13.8%) realizaram transplante. A taxa de mortalidade foi de 12.3%. Não se observaram alterações significantes entre os doentes com doença hepática prévia e os doentes sem doença hepática prévia. Os doentes que desenvolveram FH diferiram significativamente dos doentes que não desenvolveram FH no tipo de lesão hepática, quando o agente etiológico foram cogumelos selvagens, na presença de vómitos e diarreia, nas análises laboratoriais de admissão e nas intercorrências e evolução. Verificou-se diferença estatística nos mesmos parâmetros entre os doentes que sobreviveram e os doentes que faleceram. O MELD demonstrou estar independentemente associado à falência hepática e à morte dos doentes.Conclusão: A hepatite tóxica culminou com falência hepática e morte num número considerável de vezes. O MELD teve um excelente poder discriminatório no prognóstico neste estudo.