Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/820
Title: Vascularização Arterial do Cólon Sigmoideu e do Recto: Estudo Anatomocirúrgico e Experimental
Authors: Bernardes, António José da Silva 
Keywords: Ciências Morfológicas
Issue Date: 1997
Citation: BERNARDES, António José da Silva - Vascularização Arterial do Cólon Sigmoideu e do Recto: Estudo Anatomocirúrgico e Experimental. Coimbra, 1996. 314 p.
Abstract: Os objectivos do presente trabalho foram os de estudar: 1. em órg‹os de cadáveres humanos: 1.1. as artárias mesentérica superior (a.m.i.), sigmoideias (a. sigm.) e rectal superior (a.r. sup.); 1.2. a vascularização arterial normal macro e microscópica do cólon sigmoideu dependente da a.m.i.; 1.3. saber se a vascularização intraparietal do cólon sigmoideu é de tipo terminal (segmentar) ou anastomático; 1.4. avaliar a capacidade das anastomoses existentes entre os plexos arteriais da parede do cólon sigmoideu para perfundir superf’cies desvascularizadas; 1.5. tentar obter uma fórmula simples e prática que possa ajudar os cirurgiões a determinar o comprimento de intestino que devem ressecar quando encontram, durante uma intervenção, um segmento de tubo digestivo com uma necrose isquémica; 1.6. avaliar a contribuição da a.r. sup. e das a.r. mód. para a vascularização do recto; 2. em órgãos do cão: 2.1. a artéria mesentérica caudal (a.m.c.) e os seus ramos; 2.2. a vascularização arterial normal macro e microscópica do cólon descendente e do recto; 2.3. saber se a vascularização intraparietal do cólon descendente é de tipo terminal (segmentar) ou anastomótico; 2.4. o grau de contribuição das artérias rectais cranial (a.r. cra.) e médias para a vascularização arterial do recto; 2.5. a capacidade dos plexos arteriais da parede do cólon e do recto para tolerar diferentes graus de isquemia; 2.6. as variações de espessura de cada uma das camadas do cólon causadas pela isquemia crónica; 2.7. a nível da mucosa, pretendeu-se observar as alterações da produção de mucinas e da proliferação celular eventualmente induzidas pela isquemia crónica. Material e métodos — Para este estudo, foram usados 185 órgãos, 90 humanos e 95 de cães (Canis familiaris). Dos 90 órgãos humanos, 60 foram injectados pela a.m.i. Antes da perfusão, em 34 casos, efectuou-se a excisão da arcada marginal (arc. marg.) em um comprimento de 5 cm ou de 8 cm em igual número de casos (17). Os outros 30 casos, foram injectados pelas: a.m.i. em 10 casos; a.m.i. e pelas duas artérias ilíacas internas (a.i. int.) em 10 casos; só pelas duas a.i. int. em 10 casos. Dos 95 órgãos do cão, 61 (1o. grupo) foram utilizados para estudar a morfologia arterial. Dos 61 animais, 40 foram usados para estudar a morfologia arterial normal do cólon descendente e do recto após a injecção através da/s: a.m.c., a.i. int., ou artéria sagrada média. Os 21 restantes foram submetidos a um de quatro tipos de intervenções cirúrgicas. Ao 15o. dia de pós-operatório, foram estudadas as alterações da morfologia arterial induzidas pelos quatro tipos de isquemia. Dos 95 órgãos do cão, 34 (2o. grupo) foram usados para estudo histológico. Os órgãos foram estudados pelas técnicas de dissecção, injecção-dissecção, injecção-corrosão-fluorescência, diafanização, microangiografia, microscopia electrónica de varredura em moldes vasculares e histologia (várias colorações e técnicas). Resultados e conclusões — 1- no homem a a.m.i. destina-se principalmente a vascularizar o cólon sigmoideu e o recto, contribuindo apenas de modo secundário para a irrigação do cólon descendente. Identificamos 11 diferentes modos de origem das a. sigm., nascendo, a maior parte, directamente da a.m.i.. Os ramos colaterais mesocólicos das a. sigm. podem constituir uma via alternativa de circulação colateral quando a a.m.i. estiver obstruída e/ou a arc. marg. f™r descontínua e/ou delgada. Junto da parede do cólon sigmoideu, os seus ramos terminais formam a arc. marg. que, na maior parte dos casos, n‹o ultrapassa o nível da última a. sigm. As a.r. longas e curtas estabelecem entre si numerosas anastomoses na parede intestinal, formando quatro plexos ricos e homogéneos. Apesar disso, estes plexos têm uma capacidade de circulação colateral limitada quando se remove a arc. marg., mesmo com a a.m.i. funcionante. Assim, consideramos que as a. rectas são vasos terminais em sentido funcional apesar de não o serem sob o ponto de vista anatómico. No cadáver, a desvascularização parece revelar que a isquemia da mucosa, a nível do bordo livre do cólon, é 1,3 vezes superior à que se observa na superfície do intestino e aumenta para 2,6 vezes após a dissecção sob microscópio através da submucosa. Propomos designar aqueles valores, respectivamente, por índice de quantificação mínimo aparente e índice de quantificação mínimo real da isquemia da mucosa. A extensão da isquemia da mucosa a nível do bordo mesocólico do cólon, é 1,8 a 1,9 vezes superior à que se observa na superfície do intestino e aumenta para 3,8 a 4,6 vezes após a dissecção sob microscópio através da submucosa. Propomos designar aqueles valores respectivamente por, índices de quantificação máximos aparentes e índices de quantificação máximos reais da isquemia da mucosa. A transição rectossigmoideia é vascularizada pelas a.r. longas e curtas da última a. sigm., pelas a. rectossig., que nascem da última a. sigm. e da a.r. sup., e por colaterais dos terminais de algumas a.r. sup.; acessoriamente, pode receber alguma irrigação das a.r. méd. A "zona crítica de Südeck" é uma realidade anatómica frequente mas não é "crítica" sob o ponto de vista funcional. A a.r. sup. é a principal artéria do recto, mas quando as a.r. méd. são bilaterais podem ter valor funcional semelhante ao da a.r. sup. Propomos uma explicação de natureza angiomorfológica para compreender a incidência quase desprezível de divertículos a nível do recto em comparação com a grande frequência desta patologia no cólon sigmoideu porque os ramos de divisão da a.r. sup. atravessam a parede do recto de modo oblíquo durante um trajecto relativamente longo em comparação com o trajecto quase perpendicular (em relação ao eixo maior do cólon) e curto das a.r. longas do cólon sigmoideu. Os plexos arteriais de todas as camadas do recto, tal como os do cólon sigmoideu, são densos e homogéneos. 2- o cólon do cão parece ser um bom modelo experimental porque tem morfologia arterial e histológica semelhante à do homem. A a.m.c. não contribui de modo significativo nem decisivo para a vascularização arterial do cólon. A arc. marg. parece constituir uma via adequada e eficaz de circulação colateral quando a a.m.c. é laqueada. Pelo contrário, os plexos intraparietais do cólon, apesar de aparentemente ricos, apresentam valor funcional limitado como via eficaz de circulação colateral. Por isso, tal como no homem, a vascularização do cólon é do tipo anastomótico sob o ponto de vista anatómico, mas é terminal sob o ponto de vista funcional. As a.r. méd. parecem contribuir de modo importante para a vascularização arterial do recto. O clister opaco com duplo contraste é um exame importante para complementar a investigação clínica e experimental sobre isquemia do cólon porque revelou lesões viscerais sem tradução clínica em 75% dos casos em que foi efectuado. O epitélio normal do cólon do cão segrega sulfomucinas, mas a isquemia induz a produção de sialomucinas em quantidade directamente proporcional à gravidade da lesão. As isquemias moderadas e graves determinam um aumento da fracção de células da mucosa em proliferação a efectuar a síntese de DNA. Em doentes com suspeita de isquemia crónica do cólon, o estudo das mucinas e da proliferação celular em fragmentos de biópsias da mucosa colhidas por colonoscopia, poderá oferecer mais uma contribuição para o diagnóstico e avaliação da gravidade dessa patologia, sobretudo perante um arteriograma normal.
URI: https://hdl.handle.net/10316/820
Rights: embargoedAccess
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