Alergénios mais frequentes na população adulta e pediátrica, um estudo comparativo

Abstract

Well known amongst adults, allergic contact dermatitis (ACD) was until recently unexplored in children, something that has started to change, following a growing interest in studying this sector of the demographic. Despite of that, comparations between them, to achieve a better understanding of the evolution of ACD have been scarce amongst the scientific literature.As part of this retrospective study, the files of patients who took epicutaneous testing between January of 2007 and December of 2016 in contact allergology consultations in the Dermatology and Venereology department of the Hospitais da Universidade de Coimbra (CHUC) were analyzed. The population was divided into two segments: pediatric (<18 years old) and adult (>18 years old) and they were measured and compared according to the following parameters – atopic eczema, asthma and/or allergic rhinitis, primary location that motivated testing, which allergens were positive (1+ reaction or greater), and reactivity in or outside the basic series of allergens.Over the 10 years there were 109 children, 63 (57,8%) of which were female and 46 (42,2%) male and 3019 adults, 2210 (73,2%) were female and 809 (26,8%) male. Hands were, in adults, the most common place of primary locations (21,7% of the adult population studied) as opposed to the pediatric population, in which the face was the most affected area (54,1%). The percentage of positive tests were significantly lower in children (47.7% versus 70.0% in adults). Nickel was the most frequent allergen, primarily seen adult women (34,8% versus 8,5% in adult males), whereas in children positive tests to this metal were greatly reduced (13,8% to 27,7% in adults) and the gender difference was not as substantial (15,9% in females versus 10,9% in males). Reactivity to allergens predominantly associated to professional activity like epoxy resins, or to topical corticosteroids related to chronic dermatosis were not found in the pediatric group.According to these findings, it can be concluded that, the low incidence of positive nickel test in the pediatric population is probably associated with community norms regarding the use of this metal are being effective. Moreover, lifestyle changes seem to be equalizing the prevalence between sexes on account of the male population making more use of objects associated with the occurrence of ACD, such as jewelry and cosmetics. We can also gather that the occupational component weighs heavily in allergens associated with professional activities due to the absence of cases in the pediatric group and the hand being the most frequent location for cutaneous lesions in adult ACD (most prevalent occupational dermatosis).

A dermatite de contacto alérgica, bem conhecida nos adultos, era até há poucos anos inexplorada nas crianças, algo que tem vindo a mudar, observando-se um interesse crescente em estudar esta fração da população. Porém, comparações entre ambas, para uma melhor compreensão da evolução da DCA ao longo da vida dos doentes, não são comummente encontradas na literatura. Analisaram-se retrospetivamente os processos dos doentes que efetuaram testes epicutâneos entre janeiro de 2007 e dezembro de 2016 na consulta da Unidade de Alergologia de Contacto do Serviço de Dermatologia e Venereologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Foram divididos em dois grupos distintos: população pediátrica (<18 anos de idade) e adulta (≥18 anos de idade) e estudados comparativamente os seguintes parâmetros: género, presença de história pessoal de atopia - eczema atópico, asma e/ou rinite alérgicas -, localização principal da dermatite que motivou os testes, alergénios com testes positivos (reação 1+ ou mais intensa) e reatividade dentro e/ou fora da série básica de alergénios. Durante os 10 anos foram estudadas 109 crianças, 63 (57,8%) do género feminino e 46 (42,2%) do género masculino e 3019 adultos, 2210 (73,2%) mulheres e 809 (26,8%) homens. Nos adultos, as mãos representaram a localização preferencial das lesões (21,7% da população adulta), sendo a face o local mais afetado nas crianças (54,1% da população infantil). A percentagem de testes positivos foi significativamente inferior nas crianças (47.7% versus 70.0% na idade adulta), sendo o níquel o alergénio mais frequentemente envolvido, principalmente em mulheres adultas (34,8% versus 8,5% em homens adultos). Nas crianças, a frequência de testes positivos a este metal foi bastante inferior (13,8% para 27,7% nos adultos) e a diferença entre género não foi tão marcada (15,9% no género feminino versus 10,9% no género masculino). A reatividade a alergénios predominantemente profissionais como a resina epóxida, ou a corticoides tópicos, relacionados com o seu uso em dermatoses crónicas, não foi observada na faixa etária mais jovem. Desta forma podemos concluir que, pelo facto de a incidência de testes positivos ao níquel na população pediátrica ser inferior, provavelmente as normas comunitárias que controlam o uso deste metal estão a surtir efeito e também, que alterações nos hábitos diários estejam a igualar prevalências entre géneros, pois a população masculina cada vez mais faz uso de objetos frequentemente associados ao aparecimento de DCA, como objetos de adorno e cosméticos. Podemos também constatar que, por alergénios frequentemente relacionados com a profissão se encontrarem ausentes nas crianças e de ser a mão o local preferencial de aparecimento das lesões cutâneas de DCA nos adultos (dermatose ocupacional mais prevalente), a vertente ocupacional tem bastante peso nesta doença.