Avaliação da ansiedade na consulta de Odontopediatria: estudo piloto

Abstract

Introdução: A ansiedade dentária denota um estado de apreensão em relação ao tratamento dentário que, sendo uma problemática comum na população infantil, é por vezes transversal aos pais e Médicos dentistas. Embora seja uma entidade abstrata têm sido utilizadas várias técnicas que permitem avaliá-la, sendo a Children’s Fear Survey Schedule-Dental Subscale e a escala de Frankl dois exemplos. A possibilidade de existir uma associação entre ansiedade e o desenvolvimento de problemas comportamentais ainda é uma dinâmica em estudo e sem resultados conclusivos. Objetivos: Avaliar o nível de ansiedade em Odontopediatria e compreender a relação entre os relatos obtidos a partir das crianças e as percepções, tanto dos seus cuidadores, quanto de estudantes de Medicina Dentária. Em paralelo pretende-se analisar uma potencial associação entre a ansiedade e o comportamento da criança durante o tratamento.Materiais e Métodos: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base de dados PubMed com as palavras-chave: “Dental anxiety”, “Frankl scale”, “Children's Fear Survey Schedule - Dental Subscale”, seletivamente conjugadas pelo operador booleano "AND" e limitada a publicações entre 2007-2017, em inglês e com resumo disponível. Concomitantemente foram aleatoriamente selecionadas 12 crianças para a realização de um estudo piloto às quais foram aplicadas duas escalas, a Children's Fear Survey Schedule - Dental Subscale e a escala de Frankl. Os respetivos cuidadores (n=12) responderam à primeira escala, bem como estudantes do 5º ano de Medicina Dentária (n=4). A avaliação do comportamento foi realizada pelo estudante e por uma Odontopediatra.Resultados: Foram selecionadas 37 referências, maioritariamente estudos clínicos, adicionando-se 13 por pesquisa cruzada. Do estudo piloto os resultados mais relevantes indicaram que, no geral, as crianças foram classificadas como “não ansiosas”; os pais sobrestimaram o nível de ansiedade dos filhos, mas a sua própria ansiedade não pareceu influenciar a percepção que têm acerca das crianças; os estudantes foram os que melhor percepcionaram o nível de ansiedade dos pacientes. A escala de Frankl mostrou-se uma ferramenta de fácil utilização, com resultados consistentes inter-observadores. Não se observou uma relação de causalidade entre ansiedade dentária e comportamento durante o tratamento.Conclusões: Os níveis de ansiedade relatados pelos diferentes sujeitos foram distintos, não se verificando no geral uma associação relevante entre eles. A utilização das duas escalas em associação não permitiu concluir se o nível de ansiedade determina, ou não, o desenvolvimento de problemas comportamentais. O Médico dentista poderá recorrer a estas escalas, não devendo porém basear a abordagem exclusivamente nos resultados daí advindos.

Introduction: Dental anxiety indicates a state of apprehension towards dental treatment, which is a common problem in children and, sometimes, it is transversal to parents and dentists. Although it is an abstract concept, several techniques have been used to assess it, with the Children's Fear Survey Schedule-Dental Subscale and the Frankl scale being two examples. The possibility of anxiety and development of behavioral problems being associated is still a dynamic study, but the results are still inconclusive. Objectives: To evaluate the level of anxiety in Pediatric Dentistry and to understand the relationship between children self-reports and the caregivers and Dentistry student’s perceptions about this problem. In parallel, we aim to study if there is an association between anxiety and child behavior during the dental appointment.Methods: An electronic database search was performed in the PubMed / Medline database using pre-defined keywords, selectively combined through the boolean operator “AND”. The research was limited to articles published between 2007 and 2017, in English, with abstract available. Beyond that, 12 children were randomly selected for a pilot study, to which two scales were applied, the Children's Fear Survey Schedule - Dental Subscale and the Frankl scale. Their caregivers (n=12) also completed the first scale, as well as the senior students of Dentistry (n=4). A student and a Pediatric Dentist carried out behavior rating.Results: From the electronic research, 37 references were selected, mostly clinical studies and 13 references were included from cross-search. The most relevant results from pilot study indicate that, in general, children are classified as "non-anxious". Parents overestimated their children's anxiety level, but their own anxiety did not seem to influence their perception about children. The students were those who better perceived the children’s anxiety levels. The Frankl scale proved to be an easy-to-use tool with consistent inter-observer results. Dental anxiety and behavior during treatment seemed to be two realities poorly dependent.Conclusions: The anxiety levels reported by the different subjects were different and in general there was no relevant relationship between them. The two scales in association did not allow us to conclude if the level of anxiety determines, or not, the development of behavioral problems. The Dentist may use these scales, but should not base the approach exclusively on the results accomplished.