Equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco - um ano de atividade assistencial

Abstract

Introdução: a sociedade atual é fortemente marcada pelo envelhecimento progressivo da população, o que conduz ao aumento das doenças crónicas e degenerativas. Neste contexto, os cuidados paliativos (CP) surgem como uma potencial resposta às necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais, prolongando a sua ação até ao luto. As equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos (EIHSCP) tornaram-se obrigatórias desde 2011 e pretendem proporcionar cuidados de qualidade a doentes e familiares perante situações de doença avançada e progressiva.Objetivo: analisar e refletir sobre a atividade assistencial da EIHSCP da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB), pioneira na implementação de um projeto assistencial de CP num hospital da região Centro pertencente ao grupo B/I, nos primeiros 12 meses da sua existência.Metodologia: a autora realizou um estudo retrospetivo, entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016. Reviram-se os processos clínicos dos doentes referenciados para a equipa, dos quais se extraíram dados demográficos, clínicos (diagnóstico principal, motivo de referenciação, especialidade que referenciou, capacidade funcional à admissão) e administrativos (tipologia de cuidados, número total de intervenções, duração do internamento nas camas da EIHSCP, mortalidade, local de falecimento). Utilizou-se o SPSS® 20.0 no tratamento estatístico dos dados.Resultados: 264 doentes foram acompanhados pela EIHSCP durante o período em análise, contabilizando um total de 1259 avaliações: 599 nos internamentos de outras especialidades, 585 consultas externas de medicina paliativa (MP) e 75 internamentos nas camas da EIHSCP. A doença oncológica foi o diagnóstico mais frequente (82,6%), onde os tumores do tubo digestivo se destacaram (46,3%). Houve 377 referenciações e mais de 50% provieram das especialidades de cirurgia geral (25%), medicina interna (15,1%), gastrenterologia e MP (12%). A consulta externa de MP recebeu 167 (44,3%) pedidos, 135 (35,8%) foram as solicitações à EIHSCP e 75 (19,9%) pedidos para o internamento. Os sintomas não controlados foram o principal motivo de referenciação (46,2%), onde a dor não controlada se destacou logo a seguir (36,6%), mostrando a preocupação dos médicos assistentes com o bem-estar dos seus doentes. A pontuação média da escala de Karnofsky foi de 50,2%, o que revela uma referenciação precoce. Dos 264 doentes da amostra final, 142 (54%) faleceram, dos quais 129 (91%) no hospital. De salientar que apenas 4 (2,8%) doentes faleceram no domicílio. Do ponto de vista estatístico, foi significativa (p<0,05) a diferença na mortalidade dos doentes internados para controlo de sintomas, que morreram menos do que os internados por apoio/descanso do cuidador e agonia/continuidade dos cuidados, estes últimos com menor tempo de internamento. Apurou-se ainda a existência de correlação estatisticamente significativa (p<0,05), positiva e moderada (rs=0,566; p<0,001) entre o tempo de internamento e a capacidade funcional, bem como a relação entre esta e as diversas tipologias de cuidados, sendo que os doentes seguidos na consulta externa possuíam maior capacidade funcional do que os restantes e os do internamento possuíam uma capacidade funcional estatisticamente inferior aos avaliados nos internamentos das outras especialidades.Conclusões: o impacto da criação da EIHSCP da ULSCB foi bastante positivo, o que transparece pelos resultados obtidos. A análise e interpretação dos dados estatísticos sobre a atividade assistencial da equipa representa uma mais-valia para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do seu funcionamento. Encoraja-se, assim, a continuidade do trabalho realizado.

Introduction: actual´s society is strongly marked by the progressive aging of the population, which leads to an increase in chronic and degenerative diseases. In this context, palliative care (PC) appears as a potential response to physical, psychological, social and spiritual needs, prolonging their action until mourning. Hospital-based palliative care support teams (HPCST) have become mandatory since 2011 and aim to provide quality care to patients and family members in cases of advanced and progressive disease.Objective: to analyse and reflect on the clinical activity of the Unidade Local de Saúde de Castelo Branco´s HPCST (ULSCB’s HPCST), pioneer in the implementation of a PC project ina Central region hospital belonging to the group B/I, in the first 12 months of its existence.Methods: the author performed a retrospective study between December 2015 and December 2016. Clinical processes of the patients referred to the team were reviewed, from which demographic and clinical data were extracted (main diagnosis, reference reason, referring specialty, functional capacity) and also administrative data (care type, total number of interventions, length of hospital stay, mortality, place of death). SPSS®20.0 was used for data statistical treatment.Results: 264 patients were followed up by the HPCST during the period under review, accounting for a total of 1259 evaluations: 599 inpatient visits, 585 outpatient visits and 75 hospitalizations in HPCST´s beds. Oncologic disease was the most frequent diagnosis (82.6%), where the tumors of the digestive tract stood out (46.3%). There were 377 references and more than 50% came from the specialties of general surgery (25%), internal medicine (15.1%), gastroenterology and palliative medicine (MP) (12%). The MP outpatient clinic received 167 (44.3%) requests, 135 (35.8%) were requests to HPCST and 75 (19.9%) requests for hospitalization in HPCST´s beds. Uncontrolled symptoms were the main reason for referral (46.2%) and uncontrolled pain soon followed (36.6%), showing the concern of physicians to improve the quality of life of their patients. The average score of Karnofsky's scale was 50.2%, which reveals an early referral. Of the 264 patients, 142 (54%) died, of which 129 (91%) in the hospital. It should be noted that only 4 (2,8%) patients died at home. From a statistical point of view, there was a significant difference (p <0.05) in the mortality of patients hospitalized for symptom control, who died less than those hospitalized for caregiver support/aid and agony/continuity of care, those with a shorter hospitalization time. It was also found a statistically significant (p <0.05), positive and moderate correlation (rs = 0.566; p <0.001) between hospitalization time and functional capacity, as well as the relationship between the latter and the various typologies of care: patients followed in the outpatient clinic had greater functional capacity than the others, and those hospitalized have statistically lower functional capacity than those assessed in hospital admissions by the HPCST.Conclusions: Creation of the ULSCB’s HPCST was very positive, which is evident from the obtained results. The analysis and interpretation of the statistical data about the team's clinical activity represents an added value for the development and improvement of its operation. Thus, the continuity of this work is encouraged.