Impactos da instabilidade económica brasileira na saúde dos trabalhadores das indústrias metalúrgicas do norte do Rio Grande do Sul

Abstract

O novo ordenamento nas relações de trabalho, ditadas pela crise económica brasileira, fizeram que muitas empresas tiveram que alterar suas filosofias estruturais e principalmente seus sistemas de gestão na tentativa de tornarem-se “lean”, ágeis e competitivas. Tais mudanças no dia-a-dia do trabalhador, produzem impactos nos comportamentos e na atividade dos envolvidos. Sentimentos, comportamentos e relações interpessoais em ambientes de trabalho em crise aumentam o risco de alterações no estado de saúde do trabalhador, muita das vezes não se traduzindo em doença, mas num estado de stresse em resposta a readaptações físicas e psicológicas, o que pode gerar implicações para saúde do trabalhador pelo seu desgaste emocional. Esse estudo implantou-se precisamente na interface entre a saúde do trabalhador e o stresse no trabalho em ambientes de crise económica, na tentativa de analisar, de forma qualitativa, os impactos da crise económica brasileira na saúde do trabalhador. Tivemos como objetivo traçar o perfil sociodemográfico dos trabalhadores de oito indústrias metalúrgicas do Norte do Rio Grande do Sul, com o principal objetivo de verificar se houve impactos percepcionados na saúde desses trabalhadores. Para a obtenção dos dados, foi utilizado o método de entrevista semi-estruturada aplicada a 93 trabalhadores de diferentes setores das indústrias metalúrgicas participantes; após a coleta dos relatos, realizamos a unificação dos dados que mais vezes se repetiram. A partir desses relatos verificou-se que a crise económica brasileira nas indústrias metalúrgicas do norte do Rio Grande do Sul tem um aparente caráter momentâneo, ou seja, os trabalhadores relatam sentimento de tristeza, empatia e apreensão, mas de forma momentânea, mostrando-se essencialmente resilientes à situação, buscando forças para seguir em frente e procurando manter seu emprego, tentando evitar tornar-se mais uma vítima da crise económica.

The new order in labor relations, dictated by the Brazilian economic crisis, meant that many companies had to change their structural philosophies and especially their management systems in an attempt to become “lean”, agile and competitive. Such changes in the day-to-day of the worker, produce impacts on the behaviors and the activity of those involved. Feelings, behaviors and interpersonal relationships in work environments in crisis increase the risk of changes in the worker's health status, often not translating into illness, but in a state of stress in response to physical and psychological readjustments, which can generate Health implications of the worker. This study was implanted precisely in the interface between worker's health and work stress in environments of economic crisis, in an attempt to qualitatively analyze the impacts of the Brazilian economic crisis on the health of the worker. We aimed to trace the socio-demographic profile of workers from eight metallurgical industries in the North of Rio Grande do Sul, with the main objective of verifying if there were perceived impacts on the health of these workers. To obtain the data, the semi-structured interview method was applied to 93 workers from different sectors of the participating metallurgical industries; After the collection of the reports, we performed the unification of the data that were repeated more often. From these reports it was verified that the Brazilian economic crisis in the metallurgical industries of the north of Rio Grande do Sul has an apparent momentary character, that is, the workers report a feeling of sadness, empathy and apprehension, but of momentary form, showing itself Essentially resilient to the situation, seeking the strength to move forward and seeking to keep their jobs, trying to avoid becoming a victim of the economic crisis.