A militância laica e a descristianização da morte em Portugal : 1865-1911

Abstract

Partindo da análise da penetração do positivismo e do cientificismo em Portugal, o autor estuda os principais escritos (livros, opusculos, jornais e revistas) deste movimento e procura definir as coordenadas essenciais da sua estratégia cultural: secularismo, laicismo, anticlericalismo, livre pensamento e maçonaria. Na segunda parte da obra, exemplifica como essas ideias se repercutiam nas ideias e atitudes em relação à morte, particularmente na contestação à visão católica do post mortem e na luta em prol da secularização dos novos cemitérios e dos enterramentos civis. Depois, destaca a importância dos cultos de rememoração dos mortos e procura mostrar como é que, à luz da lição das festas cívicas oriunda da Revolução Francesa, da religião da Humanidade de A. Comte e das práticas simbólicas da III República Francesa, as élites culturais influenciadas pelo positivismo e pelo cientificismo fomentaram, em Portugal, uma nova religiosidade cívica assente na socialização de uma nova moral social e cívica e no uso exemplar da História, consubstanciado nas festas dos centenários e nas panteonizações dos grandes homens.