Creatura mundi : estudo sobre o contexto metafísico da argumentação de Henrique de Gand contra a possível eternidade do mundo ('Quodlibet' I, q. 7-8)

Abstract

As polémicas 'de aeternitate mundi' foram uma constante na Idade Média. Urgia um estudo sobre o que desta temática pensou um dos mais produtivos autores, o filósofo e teólogo Henrique de Gand († 1293). Apesar de se haver tratado a quase totalidade dos textos henriquinos em que o tema aparece, privilegiou-se a sua primeira versão, a que se pode ler nas 'quaestiones' 7 e 8 do Quodlibet I. A dissertação procurou mostrar a coerência lógico-argumentativa da posição do Gandavense (designadamente contra um preconceito tomista comum) depois de a ter contextualizado num arco historial, e depois de a ter inscrito na génese da obra da juventude teológica do autor de Gand, mormente a Lectura Ordinaria super Sacram Scripturam, texto a que ainda não havia sido dada a devida atenção. Uma vez que se tratava de estudar o contexto metafísico dessa argumentação, para além do exame do tema na filosofia antiga e na filosofia medieval, foi-se mais longe, ao procurar perseguir, num arco hermenêutico imediato e pessoal, os traços que dela se mantiveram (ou não) em autores como Duns Escoto, Guilherme de Ockham, Leibniz ou J.-P. Sartre.