Contribuição para o estudo da regeneração periodontal: a influência de um derivado das proteínas da matriz do esmalte no epitélio gengival - estudo in vivo.

Abstract

A periodontite e as suas sequelas inflamatórias alteram a estrutura e a integridade do periodonto. No tratamento dos defeitos periodontais, a regeneração os tecidos destruídos é um objectivo fundamental. Recentemente, um derivado das proteínas da matriz do esmalte (EMD), foi apresentado como promotor da regeneração periodontal, baseando-se em processos biomiméticos. Diversos estudos demonstraram que o EMD influencia o metabolismo das células do ligamento periodontal assim como das células epiteliais, osteoblásticas e do folículo dentário. No entanto, os eventos celulares são ainda parcialmente desconhecidos. O trabalho experimental desta dissertação inclui dois estudos, tendo-se optado pelo rato Wistar como modelo experimental. O primeiro teve por objectivo determinar qual dos procedimentos de colocação do fio de sutura no espaço interdentário dos molares resultava no desenvolvimento de uma lesão periodontal passível de ser tratada cirurgicamente. Apesar de aos oito dias ambos os procedimentos terem resultado no desenvolvimento de bolsas periodontais pouco profundas, aos quinze dias verificou-se uma diferenciação entre os procedimentos quanto à evolução das lesões. Como conclusão, pode afirmar-se que o procedimento mais adequado é a colocação de um fio de sutura através do afastamento das faces interproximais, o qual deverá permanecer no sulco gengival durante duas semanas. O segundo estudo teve como objectivo a avaliação da influência de um derivado das proteínas da matriz do esmalte na cicatrização dos tecidos epiteliais da margem gengival de uma bolsa periodontal. A cicatrização de um retalho muco-perióstico ao décimo quinto dia resultou predominantemente na formação de um epitélio juncional longo, o mesmo tendo sido verificado com aplicação de EDTA, de PGA e da sua associação. Deste modo, nestes grupos observou-se uma cicatrização de cariz reparativo e não regenerativo. Pelo contrário, a aplicação de EMD resultou na formação de uma adesão epitelial de pequena extensão e de uma adesão conjuntiva. A análise histológica foi confirmada pelos resultados da quantificação histomorfométrica. Deste estudo conclui-se que o EMD, neste modelo experimental, inibe a proliferação epitelial, numa fase inicial da cicatrização, uma vez que resultou na formação de um epitélio juncional pouco extenso e na formação de uma nova adesão conjuntiva.