Estilos parentais: estudo da estrutura fatorial da PSST e do seu efeito moderador na relação entre ansiedade social e depressão

Abstract

A PSST (Gottman & Declaire, 1997) avalia o que os pais pensam sobre as emo-ções e a forma como lhes reagem, e pretende determinar a forma pelo qual os pais ensi-nam os seus filhos a reconhecer, a expressar e a lidar com as emoções. O objetivo deste estudo é o avaliar algumas propriedades psicométricas da PSST, nomeadamente a estru-tura fatorial e a consistência interna. A amostra consistiu em 355 pais (65.07% do géne-ro feminino e 34.93% do género masculino), cujos filhos adolescentes têm idades com-preendidas entre os 14 e os 20 anos. Foi realizada uma análise fatorial exploratória atra-vés do método de componentes principais com rotação direct oblimin. A estrutura da escala revelou-se diferente da original, apresentando 3 fatores relativos aos estilos parentais face às emoções: estilos reprovador, explorador e aceitador de emoções. A consistência interna da escala revelou valores de alfa de .87, .85 e .70, respetivamente. Apresentam-se as limitações do estudo e direções para futuras investigações.

The PSST scale (Gottman & Declaire, 1997) evaluates what parents think about emotions and the way they react to them. It also tries to determine the ways by which the parents teach their children to recognise, express and deal with emotions. The objec-tive of this study is to evaluate some psychometric properties of PSST, namely its facto-rial structure and internal consistency. The sample consisted of 335 parents (65.07% female and 34.93% male) whose children are between 14 and 20 years of age. An ex-ploratory factorial analysis was conducted using the principal components method with direct oblimin rotation. The structure of the scale changed from the original, here pre-senting 3 factors concerning parenting syles towards emotions: disaproving, explorer and accepting styles. The internal consistency of the scale showed alpha values of .87, .85 and .70, respectively. Limitations of this study and directions for future research are also presented.

A comorbilidade entre ansiedade social e depressão é elevada, estando bem estabelecida a relação que existe entre ambas as perturbações, nomeadamente na ado-lescência. Os estilos parentais relacionados com as emoções, especificamente os que surgem no âmbito da teoria das filosofias meta-emocionais, têm sido apresentados como variáveis de influência no desenvolvimento de competências sociais e de sintomatologia depressiva. O presente estudo pretende explorar o efeito moderador dos estilos parentais na relação entre ansiedade social e depressão na adolescência, assim como estudar as associações existentes entre ansiedade social e sintomatologia depressiva nos adolescen-tes e analisar a relação entre os estilos parentais, a sintomatologia ansiosa e depressiva nos filhos adolescentes. A amostra é constituída por 122 pais e respetivos filhos, inte-grados num projeto de investigação sobre a prevenção da depressão em adolescentes. Recorreu-se a instrumentos de autorresposta para avaliar a ansiedade social (Multidi-mensional Anxiety Scale for Children March, et al. 1997; versão portuguesa: Salvador et al., 2015), a sintomatologia depressiva (Children’s Depression Inventory; Kovacs, 1985; versão portuguesa: Marújo, 1994) e os estilos parentais (Parental Scale Self-Test; Gottman & Declaire, 1997; versão portuguesa: Matos, A. P., Costa, J. J., Pinheiro, M. R., & Silva, E. F., 2016). Verificou-se que a ansiedade social se associa significativa-mente com depressão e que apresenta um efeito preditor sobre a mesma no modelo de regressão. Os estilos parentais não revelaram associações significativas quer com sin-tomatologia depressiva, quer com ansiedade social. Também não se revelaram predito-res de depressão, mas encontrou-se um efeito moderador do estilo parental explorador de emoções na relação entre ansiedade social (desempenho público) e sintomatologia depressiva. Descobriu-se que o estilo parental explorador de emoções parece não assu-mir um carácter protetor de sintomatologia depressiva quando a ansiedade social (desempenho público) é elevada, podendo até ser prejudicial. Apresentam-se as limita-ções do estudo, bem como possíveis direções de investigação futura, nomeadamente acerca do estudo da influência dos estilos parentais nas capacidades de regulação emo-cional dos filhos e possível efeito mediador destas na relação entre ansiedade social e depressão.

The comorbidity between depression and social anxiety is high, with the rela-tionship between these two disorders being well established, particularly in adolescence. Parenting styles related to emotions, especially those that arise in the context of the the-ory of meta-emotional philosophies, have been presented as influencing variables in the development of social skills and depressive symptomatology. This study aims to ex-plore the moderating effect of parenting styles on the relationship between social anxi-ety and depression in adolescence. It also aims to study the associations between social anxiety and depression in adolescents and to analyze the relationship between parenting styles, the anxiety symptomatology and the depressive symptomatology in teenage chil-dren. The sample consisted of 122 parents and their children, integrated into a research project on the prevention of depression in adolescents. Self-response instruments were used to assess social anxiety (Multidimensional Anxiety Scale for Children, March, et al 1997; Portuguese version: Salvador et al., 2015), depressive symptomatology (Chil-dren's Depression Inventory, Kovacs, 1985; Portuguese version: Marújo, 1994 ) and parenting styles (Parenting Scale Self-Test, Gottman & Declaire, 1997; Portuguese ver-sion: Matos, A. P., Costa, J. J., Pinheiro, M. R., & Silva, E. F., 2016). It was found that social anxiety is significantly associated to depression and that the former has a predic-tive effect on the latter, in the regression model. The parenting styles revealed no sig-nificant associations with either depressive symptomatology or with social anxiety. No predictors of depression were revealed, but a moderating effect of emotions’ explorer was found, in the relationship between social anxiety (public performance) and depres-sive symptomatology. It was found that emotions’ explorer seems not to assume a pro-tective nature against depressive symptomatology when social anxiety (public perform-ance) is high, and that it may even be harmful. The limitations of the study and possible directions for future research are presented, particularly regarding the study of the influ-ence of parenting styles in the emotional regulation skills of children and possible medi-ating effects of these on the relationship between social anxiety and depression.