Os valores pessoais e o comprometimento social dos gestores: Um estudo sobre a Responsabilidade Social das Empresas no Brasil

Abstract

O objectivo deste artigo é estudar a influência do sistema de valores pessoais dos gestores na sua atitude perante a Responsabilidade Social das Empresas (RSE), pressupondo-a como preditora da prática gerencial. As hipóteses de pesquisa foram testadas num estudo com 252 gestores brasileiros. Os resultados revelam que a predisposição para uma prática gerencial socialmente responsável é favorecida por um sistema de valores conservador, defensor da estabilidade e da ordem, da segurança e do cumprimento de normas colectivas, por oposição à influência negativa de valores pessoais centrados no bem-estar individual e na auto-promoção. Esta relação entre o sistema de valores e a atitude dos gestores perante a RSE só se verifica, no entanto, nos gestores com menos de 30 anos, o que sugere que a experiência profissional torna a adopção de práticas empresariais socialmente responsáveis independente do sistema de valores de quem decide, sobrepondo-se factores estratégicos e de contexto ao sistema de crenças pessoal.

This article addresses the influence of managers’ personal value systems on their attitudes towards a corporate social responsibility (CSR), assuming it to be a predictor of management practice. The research hypotheses were tested in a study involving 252 Brazilian managers. The results show that a predisposition towards socially responsible management practices is favoured by a conservative value system which upholds stability and order, security and compliance with collective norms, as opposed to the negative influence of personal values centred on individual wellbeing and self-promotion. However, this relationship between value systems and managers’ attitudes towards CSR is only found in managers under the age of 30, suggesting that, as professional experience is acquired, the adoption of socially responsible business practices becomes independent of the value systems of the decision-makers, and that strategic and contextual factors are superimposed onto personal belief systems.

Le but de cet article est d’étudier l’influence du système de valeurs personnelles des gestionnaires dans leur comportement face à la Responsabilité Sociale des Entreprises (RSE), en partant du présupposé qu’elle est indicatrice de la pratique de gestion. Les hypothèses de recherches furent testées au cours d’une étude portant sur 252 gestionnaires brésiliens. Les résultats révèlent que la prédisposition à une pratique de gestion socialement responsable est favorisée par un système de valeurs conservateur, défendant la stabilité et l’ordre, la sécurité et le respect de normes collectives, par opposition à l’influence négative de valeurs personnelles centrées sur le bien-être individuel et l’autopromotion. Cette relation entre le système de valeurs et l’attitude des gestionnaires face à la RES n’est, néanmoins, constatée que chez les gestionnaires âgés de moins de 30 ans, ce qui laisse supposer que l’expérience professionnelle fait que l’adoption de pratiques entrepreneuriales socialement responsables soit indépendante du système de valeur des décideurs, des facteurs stratégiques et contextuels prenant le pas sur le système de convictions personnelles.