“Sonhos secularistas” e “direitos das mulheres”: Notas acerca de uma “relação ambígua”

Abstract

Pretende‑se analisar o impacto da manipulação tanto do religioso, como do secular, nos discursos e práticas dos direitos das mulheres. Problematiza‑se o conceito de secularização e de des‑secularização à luz de um reconhecimento dos limites da modernidade. Procurar‑se‑á ainda contribuir para equacionar a possibilidade de um discurso pós‑colonial e pós‑secularista sobre os direitos humanos e das mulheres que abra a porta à possibilidade de reconhecer o potencial emancipatório de algumas formas de feminismos de inspiração religiosa. Para tal, será necessário equacionar o contributo dos vários tipos de feminismos para compreensões e práticas alternativas do ponto de vista de uma interpretação emancipatória e ecológica dos direitos humanos.

This article aims to analyse the impact of the manipulation of both the religious and the secular in women’s rights discourses and practices. The concept of secularisation and de-secularisation is problematised in the light of recognition of the limits of modernity. A further aim is to contribute towards balancing the possibility of a post-colonialist and post-secularist discourse on human and women’s rights which opens up the possibility of recognising the emancipatory potential of certain forms of religiously inspired feminism. To this end, it will be necessary to balance the contribution of various types of feminisms to alternative interpretations and practices from the perspective of an emancipatory and ecological interpretation of human rights.

Nous avons pour objectif d’analyser l’impact de la manipulation, tant du religieux que du séculier, dans les discours et pratiques des droits des femmes. Nous soulevons la problématique du concept de sécularisation et de dé-sécularisation à la lumière d’une reconnaissance des limites de la modernité. Nous chercherons aussi à contribuer à la mise en équation de la possibilité d’un discours postcolonial et post-séculariste sur les droits humains et ceux de la femme, ouvrant la porte à la possibilité de reconnaître le potentiel émancipatoire de certaines formes de féminisme d’inspiration religieuse. Pour ce faire, il faudra évaluer la contribution des divers types de féminisme pour des compréhensions et pratiques alternatives du point de vue d’une interprétation émancipatoire et écologique des droits humains.