Observando a indecidibilidade da participação do terceiro setor na governação em rede

Abstract

Neste artigo analisa‑se a participação do terceiro setor nas parcerias locais, estratégicas e multissetoriais que constituíram o projeto da Terceira Via para a coordenação do bem‑estar social. Observa‑se, a partir de um estudo de caso etnográfico, um espaço/tempo onde se negoceia a governação, assumindo‑se como ponto de entrada o terceiro setor, que deve participar nesse projeto de governação. Mobiliza‑se o aparelho conceptual da teoria luhmaniana dos sistemas sociais autopoiéticos para descrever e analisar a tentativa de um grupo de organizações do terceiro setor de desenhar uma estrutura de representação deste numa Parceria Local Estratégica, em Inglaterra. A partir da observação das decisões tomadas num conjunto de reuniões, discute‑se a redução da complexidade e os paradoxos da participação do terceiro setor no modo de governação em rede.

This paper analyses the participation of the third sector in local, strategic, multisectoral partnerships as part of the Third Way project for the coordination of welfare. Taking as point of entry the third sector that is supposed to participate in this governance project, I observe, through an ethnographic case study, the time/space where the negotiation of governance takes place. The conceptual apparatus of Luhmann’s autopoietic systems theory is used to describe and analyse an attempt, by a group of third sector organisations, to design a structure for representation of the third sector in a Local Strategic Partnership in England. Based on the observation of the decisions that took place in a set of meetings, I discuss the reduction of complexity and the paradoxes of the participation of the third sector in network governance.

Dans cet article nous analysons la participation du tiers secteur dans les partenariats locaux, stratégiques et multisectoriels qui constituent le projet de la Troisième Voie pour la coordination du bien‑être social. Nous observons, à partir d’une étude de cas ethnographique, un espace/temps dans lequel la gouvernance est négociée, en assumant comme point de départ le tiers secteur, qui doit participer à ce projet de gouvernance. On fait appel à l’appareil conceptuel de la théorie luhmannienne des systèmes sociaux autopoïétiques pour décrire et analyser la tentative d’un groupe d’organisations du tiers secteur de tracer une structure de représentation de celui‑ci dans un Partenariat Local Stratégique en Angleterre. À partir de l’observation des décisions prises dans un ensemble de réunions, on débat de la réduction de la complexité et des paradoxes de la participation du tiers secteur dans la gouvernance en réseau.