PCR no diagnóstico da meningite tuberculosa em doentes com infecção por HIV

Abstract

O aumento da prevalência da infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana tem favorecido o incremento da incidência de casos de meningite tuberculosa, patologia potencialmente grave ou mesmo fatal. A apresentação clínica dos doentes com meningite tuberculosa e co-infecção por VIH, não apresenta diferenças significativas relativamente aos doentes sem infecção por VIH. Apesar dos recursos tecnológicos hoje existentes, continuamos com grandes dificuldades no diagnóstico etiológico desta entidade nosológica. Os exames padrão possuem sensibilidade e especificidade baixas e são morosos, sendo imperativa a implementação de novos testes com um perfil melhorado. A PCR poderá vir a ser o exame de eleição no diagnóstico de meningite tuberculosa, embora o seu papel não esteja totalmente esclarecido no que diz respeito à abordagem desta patologia. O método padrão geralmente utilizado (cultura de Mycobacterium tuberculosis) é um exame pouco sensível e específico. Até ao momento, os diferentes estudos efectuados sobre PCR no diagnóstico de meningite tuberculosa apresentam valores de sensibilidade e especificidade discrepantes. Os protocolos estandardizados apresentam valores de sensibilidade e especificidade consistentes mas baixa sensibilidade, ao passo que os in-house apresentam, geralmente, sensibilidade mais elevada, mas com baixa consistência nos resultados. São necessários mais estudos, com um número de doentes superior, e com uma técnica in-house com um protocolo estandardizado. Apesar das suas limitações, a PCR deve ser executada por rotina, o que acontece já em muitos centros, uma vez que, na presença de uma suspeição clínica fundamentada, um resultado positivo é altamente sugestivo de etiologia tuberculosa da meningite.

Palavras-chave: Meningite tuberculosa; PCR; diagnóstico; infecção por VIH; interacção tuberculose/VIH.

The increase in prevalence of the Human Immunodeficiency Virus has favored the increment of tuberculous meningitis cases, a pathology which can be severely harmful or even fatal. The Human Immunodeficiency Virus infection does not influence the clinical presentation of patients with tuberculous meningitis. In spite of the technology existing nowadays, the ethiological diagnosis of this nosological entity is still difficult to be achieved. The standard diagnostic tests present both low sensitivity and specificity and results take too long to become available, for new tests with enhanced characteristics are urgently needed. PCR may become the standard test in the diagnosis of tuberculous meningitis, although its role is not completely clarified. The “gold standard” usually employed (Mycobacterium tuberculosis culture) has low sensitivity, low specificity and it is a time consuming technique. The different papers on PCR in the diagnosis of tuberculous meningitis developed to this point have proven disparate results in terms of sensibility and specificity. Standardized protocols achieve more consistent values of both sensibility and specificity, being the first low, whereas in-house protocols usually present higher values of sensitivity, but less consistency within the results. More studies using a standardized in-house protocol in a larger number of patients are needed. Despite its limitations, PCR must be performed on a routine basis whenever possible, as it occurs in many facilities, for a positive result is highly suggestive of a tuberculous etiology for meningitis when a grounded clinical suspicion is present.