Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/27735
Title: Acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias
Authors: Rodrigues, Renata Alexandra Fernandes 
Keywords: Neoplasias; Tabaco
Issue Date: 2009
Abstract: Os hábitos tabágicos encontram-se profundamente enraizados na sociedade humana e têm sido associados a um número crescente de patologias, incluindo o cancro, que constitui uma doença de elevada prevalência e mortalidade no mundo ocidental. Apesar de se reconhecer uma relação directa entre os hábitos tabágicos e o desenvolvimento de alguns tipos de cancro, como o do pulmão, permanece por esclarecer a sua acção como factor de risco para o desenvolvimento de muitas outras neoplasias. A susceptibilidade para desenvolver a doença em indivíduos fumadores poderá depender em parte da capacidade da eliminação de compostos resultantes da combustão do tabaco bem como de outros factores como nomeadamente genéticos. Por outro lado, permanece por esclarecer a acção do tabaco na progressão do cancro. Neste contexto, admite-se que muitos compostos carcinogénicos resultantes da sua combustão, nomeadamente, os hidrocarbonetos poliaromáticos (PAHs), que estão associados ao desenvolvimento de vários tipos de cancro, poderão participar na progressão do tumor dado evidenciarem um efeito indutor da proliferação em várias linhas celulares de cancro. Por outro lado, reconhece-se actualmente que os hábitos tabágicos provocam um aumento de stresse oxidativo o qual poderá estar envolvido na transformação neoplásica bem como, com uma maior agressividade do fenótipo maligno. Pelo exposto, pretende-se então esclarecer a “Acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias”. Desta forma, importa documentar a incidência e prevalência de cancro a nível mundial, assim como a do tabagismo, e estabelecer a relação entre eles. Procura-se saber quais os cancros que estão associados ao tabaco, e destes, quais os mais frequentes, bem como reconhecer os componentes do tabaco e o seu fumo como cancerígenos. Interessa abordar a fisiopatologia do desenvolvimento e progressão de Acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias neoplasias pelo fumo do tabaco, assim como os mecanismos de defesa intra-celular contra esta agressão. Por outro lado, tendo em conta a não previsibilidade do desenvolvimento de uma neoplasia em determinado indivíduo, tentam-se identificar os polimorfismos/ genótipos que poderão constituir um factor de risco para o desenvolvimento de neoplasias em fumadores. Pretende-se com o presente trabalho a elaboração de uma revisão bibliográfica, capaz de sintetizar e organizar o conhecimento disponível relativamente à acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias. O cancro é uma importante causa de morte em todo o mundo. Esta doença era responsável por 7,4 milhões de mortes (cerca de 13% de todas as mortes no mundo) em 2004. Os tipos de cancro com maior mortalidade a nível mundial são o cancro do pulmão, do estômago, colo rectal, do fígado e da mama, sendo que cada um destes causa 1300000, 803000, 639000, 610000, 519000 mortes por ano, respectivamente. Prevê-se que as mortes por cancro em todo o mundo continuem a aumentar, estimando-se cerca de 12 milhões de mortes em 2030. Em Portugal, a taxa de mortalidade por cancro foi de 262,9 por 100000 habitantes para homens e 170,9 por 100000 habitantes para mulheres, em 2005. O cancro é uma doença multifactorial, resultando da interacção entre factores genéticos e factores ambientais. Esta interacção gene-ambiente proporciona a possibilidade de definir perfis de risco individual, que seriam importantes para a identificação de sub-grupos com maior risco para a doença. O fumo do tabaco tem mais de 4800 substâncias identificadas, das quais 81 foram classificadas como cancerígenas pela Agência internacional para Pesquisa sobre Cancro (IARC). Estas substâncias têm como principal porta de entrada o sistema respiratório e Acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias percorrem o organismo transportadas pelo sangue e são posteriormente excretadas, nomeadamente na urina. A carcinogénese é um processo com várias etapas, que tem na sua base a lesão genética e epigenética induzidas nas células alvo por carcinogéneos. Como resultado, as células adquirem uma maior capacidade de crescimento e multiplicação, e resistência à apoptose. Será muito difícil identificar detalhadamente os mecanismos pelos quais o fumo do tabaco provoca cancro, e é provável que existam diferentes mecanismos implicados na carcinogénese pelo fumo do tabaco. O consumo de tabaco aumenta o risco de cancro em múltiplos locais do organismo para além dos pulmões, de acordo com o trajecto do fumo do tabaco e com a acção dos seus componentes em diferentes locais do organismo humano. Estes locais incluem a cabeça e o pescoço (incluindo cancro do esófago, laringe, língua, glândulas salivares, lábio, boca e faringe), bexiga e rins, colo do útero, mama, pâncreas, cólon, estômago, cancro cerebral no adulto e leucemia mielóide aguda. Apesar do consumo continuado de tabaco, nem todos os fumadores desenvolvem cancro, isto explica-se em parte, pela interacção da exposição ao fumo do tabaco com factores genéticos. Assim existem polimorfismos genéticos e outros factores de risco que podem tornar o indivíduo mais susceptível a desenvolver neoplasias. A complexidade química do fumo do tabaco e activação metabólica de muitos dos seus constituintes, nomeadamente dos hidrocarbonetos poliaromáticos chamou a atenção para os polimorfismos genéticos de enzimas de biotransformação que metabolizam os carcinogénios do fumo do tabaco. Por isso, os genes de várias enzimas activadoras de compostos como as proteínas do citocromo P450 e de enzimas desactivadoras como a glutationa S-transferase, a N-acetiltransferase e uridinadifosfatoglucose transferase têm sido o Acção do tabaco no desenvolvimento e progressão de neoplasias principal alvo de estudo no contexto da carcinogénese induzida pelo fumo tabaco. A inactivação de genes supressores tumorais tais como p53, e a activação de proto-oncogenes K-ras também parecem relacionar-se com uma maior susceptibilidade para o desenvolvimento de cancro em indivíduos fumadores. Entre os principais efeitos adversos do fumo do tabaco, encontram-se o stresse oxidativo, peroxidação lipídica, desordens lipometabólicas e efeitos mutagénicos. Pensa-se que o fumo do tabaco causa stresse oxidativo por vários mecanismos, incluindo a lesão directa por espécies de radicais livres e em consequência da resposta inflamatória induzida pelo fumo do tabaco, causa também peroxidação lipídica das membranas celulares e a lesão oxidativa de outras biomoléculas como o ADN. Conclui-se então a necessidade de elaborar estratégias que promovam a cessação tabágica e que demovam as pessoas de começar a fumar. Existe evidência, apesar de limitada, de que o resultado do teste genético para identificação de possíveis alterações susceptíveis de aumentar o risco de cancro, pode possivelmente alterar positivamente o comportamento de fumadores, no contexto de cessação tabágica (aumento do número de tentativas e possivelmente aumento da taxa de sucesso da cessação tabágica), ou diminuindo a prevalência do tabagismo. Concomitantemente, e tendo em conta que acabar com o tabagismo é uma tarefa árdua, se não impossível, podem-se introduzir alterações na composição dos próprios cigarros de modo a diminuir o número e concentração de compostos carcinogéneos que os compõem, diminuindo, desta forma as suas acções nefastas no organismo humano nomeadamente neoplasias.
Description: Trabalho final do 6º ano médico com vista à atribuição do grau de mestre no âmbito do ciclo de estudos de mestrado em medicina apres. à Faculdade de Medicina de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/27735
Rights: openAccess
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FMUC Medicina - Teses de Mestrado

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