Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/23461
Title: Caminhos de Leste :a imigração enquanto processo de transição pessoal e social
Authors: Rodrigues, Ana Isabel Figueiredo 
Orientador: Pinheiro, Maria do Rosário
Keywords: Imigrante|xintegração, Portugal
Issue Date: 2010
Serial title, monograph or event: Caminhos de Leste : a imigração enquanto processo de transição pessoal e social
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Os fenómenos migratórios embora não sejam novos na história da Humanidade, parecem evidenciar, cada vez mais, a ideia de “aldeia global”, tornando as sociedades cada vez mais pluriculturais. Portugal desde finais da década de 90 tem sido um dos principais países de destino dos chamados imigrantes de Leste. A transição decorrente destes movimentos migratórios, activa todo um processo de adaptação cujas vivências pessoais, sociais, psicológicas, profissionais e culturais se pretendem geradoras de um sucesso na sua integração e, ao mesmo tempo, impulsionadoras de um bem-estar e de satisfação com a vida. Todavia, essa transição começa muito antes da chegada ao novo país. Tendo em conta perspectivas teóricas explicativas dos fenómenos migratórios e das transições de vida, o estudo apresentado, realizado numa amostra de 36 imigrantes provenientes de países da Europa de Leste, residentes no distrito de Coimbra, permite verificar que ao percurso migratório de natureza económica, profissional e cultural corresponde um processo de transição pessoal e social, analisado à luz da Teoria da Transição de Schlossberg, Watters e Goodman (1995). Dos resultados obtidos em diversos domínios (características do percurso migratório, da situação profissional, da adaptação ao novo país, do agregado familiar e dos contactos com o país de origem) destacamos o facto de estes imigrantes serem maioritariamente do sexo feminino (63.9%), casados (61.1%), com uma média de idade de 35.1anos (DP=6.7), correspondente à idade activa, tendo predominantemente nacionalidade ucraniana (61.1%). Saíram dos seus países por razões de cariz marcadamente económico (83.3%), estando 77.8% da amostra a residir em Portugal há mais de cinco anos. Com habilitações médio-elevadas (36.1% com o ensino secundário e 27.7% com uma licenciatura), 61.1% exerce uma profissão. Porém a quase totalidade da amostra encontra-se no mercado de trabalho da economia informal, desempenhando a maioria profissões pouco ou nada compatíveis com as suas qualificações escolares e/ou II técnico-profissionais, tendo 53.6% da amostra assistido a um processo de desqualificação. As mulheres desempenham, maioritariamente, tarefas na área do comércio e serviços (50.0%), ao passo que aos homens são reservados trabalhos na construção civil (41.7%). Apesar de 72.2% da amostra se sentir satisfeita com a vida em Portugal, a sua adaptação é considerada, por 55.6% do total dos imigrantes, como difícil. Os pilares identificados pelos imigrantes como essenciais a uma plena integração coincidem com as principais dificuldades que apontam. Na perspectiva destes imigrantes uma integração com sucesso estará dependente do domínio da língua e de ter um trabalho, como é referido por 80.6%, seguido da existência de um grupo de amigos (58.1%) e do conhecimento do modo de funcionamento de um país (33.3%). Por sua vez, os aspectos que estes imigrantes assinalam como difíceis situam-se ao nível da aprendizagem da língua portuguesa (61.1%), dos aspectos sociais (55.6%), do acesso ao trabalho (50.0%) e da legalização (50.0%). Perante estas circunstâncias desenvolvem estratégias e mecanismos de coping, que provocam mudanças nas rotinas de 80.6% dos imigrantes (alteração dos horários de descanso, mais horas de trabalho, menos tempo de lazer), na aquisição de novos papéis referido por 52.8% da amostra (papel de trabalhador, papéis parentais), no estabelecimento de novos relacionamentos interpessoais (30.6% diz ter criado muitas amizades), o que levou a que 72.2% alterasse a percepção acerca de si (mais responsáveis e mais auto-confiantes). A percepção do suporte social parece ser condição importante na escolha do país de destino, no seu processo de adaptação e na integração no país de acolhimento. As redes informais de solidariedade e inter-ajuda, constituídas por familiares (17.2%) e por amigos e conhecidos, quer do país de origem (17.2%) quer portugueses (13.8%) actuam como verdadeiros suportes a nível material, social, económico e emocional. No entanto, estas não se revelam suficientes para minimizar as dificuldades sentidas aquando da sua chegada. Embora todos os imigrantes recorram a uma rede mais formal, destacam-se as instituições/serviços inseridas no processo de legalização (SEF, IGT, Embaixadas), às quais têm obrigatoriamente de se dirigir. Às associações de imigrantes ou a outro tipo de associações, prestadoras de respostas mais culturais e sociais, apenas recorrem 36.1% e 5.6% imigrantes, respectivamente. Este trabalho que pretende ser um estudo exploratório na compreensão da migração enquanto processo de transição, vem alertar para que a par de uma rede mais informal, esteja presente um suporte mais institucional, a nível local, atento a esta transição, que mais do que simples mudanças situacionais (ecológicas), exige alterações de foro psicológico. É fundamental uma intervenção em rede, sistemática, integrada e proactiva III baseada no reforço da coesão social, no diálogo intercultural e na igualdade de oportunidades, pois só deste modo será possível conhecer melhor a realidade local, intervindo de um modo mais concertado em prol do sucesso da integração dos imigrantes. O intercâmbio de culturas exige adaptações mútuas, por isso, é importante valorizarmos estes indivíduos, não como meros trabalhadores mas como pessoas, conhecê-los quanto à sua diversidade cultural, familiar, étnica e desenvolvimental, para que sejam eles os criadores das suas próprias respostas.
Although migration is not a new phenomenon in humanity history, it seems to represent more and more the concept of “global village”, causing societies to become more multicultural. Since late nineteenth century, Portugal has been one of the main destinations for immigrants that come from Eastern Europe. Migration movements in this transition period stand has an active adaptation process, in which personal, social, psychological, professional and cultural experiences are responsible not only for a successful integration, but also for a new impulse of well-being and life satisfaction. However, this transition starts before of the arrival to the new country. Concerning theoretical explanations about migratory phenomenon and life transitions, the present study, performed in a sample of 36 immigrants coming from Eastern European Countries, who are resident in Coimbra district, makes it possible to understand that the migratory path matches a personal and social transition process as to economic, professional and cultural nature, which was analyzed according to Schlossberg, Waters and Goodman Transition Theory (1995). From the results obtained in several domains (migratory path, professional situation, integration within the new country, family unit and interaction with the native country), it´s important to emphasize that these immigrants are mostly female (63.9%) and married (61.1%), their average age being 35.1 years old, meaning an active age, and they have mainly Ukrainian nationality (61.1%). They left their countries for economic reasons (83.3%), and 77.8% of this sample has been living in Portugal for five years. With medium-high qualifications (36.1% with secondary school and 27.7% bachelor degree), 61,1% have a professional life. However, almost the whole of the sample is integrated at the labor market of informal economy, and most of them have a job that is less or nothing compatible with their academic and/or technical qualifications; in fact, 53.6% of sample was found to have gone through a disqualification process. The majority of VI women are employed on sales and services (50.0%), while men work mostly at construction (41.7%). Despite 72.2% of the sample consider their life in Portugal as satisfactory; their adaptation has been referred to as difficult, for 55.6% of the total number of immigrants. The main vectors found by these immigrants as essential for full integration match the mains difficulties that they had referred. A successful integration, from the point of view of these immigrants, depends on their ability for learning a new language and having a job, as mentioned by 80.6%, followed by the creation of a friendship circle (58.1%) and the knowledge of the country’s rules (33.3%). For instance, having to learn the Portuguese language (61.1%), social aspects (55.6%), access to work (50.0%), and legislation (50.0%) are mentioned as main difficulties by most. Facing these situations, they develop new strategies and coping mechanisms, that consequently result in changes of the life routine of 80.6% of the immigrants (schedule changes, more working hours, shorter leisure time), in performing new roles, referred to by 52.5% of the sample (worker role, parent role), on the establishment of new relationship networks (30% states to have built friendship relations), which caused 72.2% to change their perception of themselves (more responsible and self-confident). Social support perception seems to be an important condition for the final decision on the destination country, in the adaptation process and in the host country integration. The informal net of sympathy and help, formed by family (17.2%), friends and other connections, either in the home-country (17.2%), or in the hosting country (13.8%), act as a true support at a material, social, economical and emotional level. Indeed, these do not appear to be enough to minimize all the obstacles that immigrants felt at their arrival. Although all immigrants resource the formal net, it is important to emphasize institutions/services within the legalization process (SEF, IGT, embassies), towards which they have the obligation to head. Immigrant associations and other type of associations, which provide answers that are more culturally and socially oriented, are attended by only 36.1% and 5.6% of immigrants, respectively. This study, which is meant to explore migration as a transition phenomenon, bares also a goal on alerting that in a parallel situation with an informal net, another institutionaltype support is also desirable, at a local level, watching this transition which, more than a simple situational change (ecological), also demands psychological changes. Networked intervention is required, an integrated and proactive one, systematically based upon the reinforcement of social cohesion, intercultural speech and equality of opportunities, because only this way will it be possible to understand local reality properly, and thus have proper intervention as to the success of immigrants’ integration. VII Cultural integration demands mutual adaptations, and thus it is very important to acknowledge value to these people, regarding them not just as workers but globally as people, and get to know them as to their cultural, family, ethnic and developmentary diversity, so that they can find their own answers
Description: Dissertação de mestrado em Ciências da Educação (Educação e Desenvolvimento Social) apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/23461
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Dissertações de Mestrado
FPCEUC - Teses de Mestrado

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