The effect of salt marshes plants on the nutrient dynamics in the Mondego estuary (Portugal)

Abstract

O estuário do Mondego tem uma importância regional considerável, acrescida do facto de se encontrar sob forte pressão ambiental o que se traduz no processo de eutrofização no seu braço sul. Tendo em conta que perturbações no ciclo de nutrientes podem induzir alterações na produtividade e composição específica do sistema, o alvo deste estudo foram as áreas mais representativas e menos estudadas do braço sul do estuário do Mondego: os sapais de Spartina maritima e de Scirpus maritimus, considerando a dinâmica de populações e o seu efeito na dinâmica de nutrientes neste sistema. No braço sul do estuário do Mondego, os sapais de Scirpus maritimus ocorrem nas áreas mais a montante, enquanto que os sapais de Spartina maritima estendem-se pelas áreas mais a jusante, acompanhando o gradiente de salinidade. Adicionalmente, resultados experimentais demonstraram que a variação sazonal da salinidade poderá ser o factor condicionante do ciclo de vida de Scirpus maritimus no estuário do Mondego. Considerando a importância das plantas de sapal nos processos biogeoquímicos, os nossos dados de campo sugerem que as trocas entre o sedimento e as poças intertidais, que se formam na baixa-mar, são maiores nos sapais de S. maritima comparativamente aos sapais de S. maritimus, sendo específico para cada espécie. Um estudo comparativo, em ciclos de 24 horas, focando a variação sazonal do fluxo de nutrientes entre poças intertidais sem coberto vegetal, formadas em sedimento vasoso e arenoso, e poças também formadas em sedimento vasoso, mas cobertas por Spartina maritima, demonstraram que embora o teor de matéria orgânica no sedimento reflicta a disponibilidade de nutrientes, a dinâmica diária e sazonal de S. maritima influencia claramente o fluxo de amónia e de fósforo, em especial no Verão e durante o dia. Adicionalmente, parece-nos bastante plausível que este processo seja muito relevante na exportação de fósforo inorgânico dissolvido para águas costeiras e desta forma exercer um controlo na produção primária e no processo de eutrofização. Nos estuários, uma complexa actividade biológica, envolvendo diversos níveis fauna, promove a circulação de nutrientes no sistema. De forma a melhor compreender a contribuição parcial da macrofauna, meiofauna e microfauna, na degradação do material vegetal e nas trocas entre estes detritos, coluna de água e sedimento, foram realizadas duas experiências laboratoriais. Estas experiências, com vista a avaliar a importância dos diferentes níveis de fauna na degradação de Spartina maritima e de Scirpus maritimus, demonstraram que, embora a actividade bacteriana seja a maior responsável, a presença de meiofauna e de macrofauna aceleram significativamente o processo.