Transferências de calor e ascensão crustal no segmento Tondela- Oliveira do Hospital (Portugal Central) após a implantação dos granitos hercínicos sin a tardi- orogénicos

Abstract

No trabalho em apreço investigou-se o papel dos magmas graníticos nos processos de transferência de calor que ocorreram no segmento crustal correspondente à região de Tondela-Tábua-Oliveira do Hospital (Portugal Central). Com base na informação factual obtida (geológica, petroquímica e geocronológica) construiu-se um modelo geológico que, parcialmente, se testou por via numérica. Deste modo concluí-se que os corpos graníticos se implantaram na região em apreço no final da orogenia hercínica (aproximadamente entre 298 e 282 Ma), altura em que a actual superfície topográfica se localizaria na crusta entre os 6 e os 10 Km de profundidade. As elevadas temperaturas dos magmas progenitores dos corpos graníticos, ao tempo da sua implantação (700-800.oC), induziram na interface com as rochas envolventes vigorosas transferências de calor, as quais se processaram fundamentalmente por condução. Nos primeiros 2-3 Ma subsequentes à implantação do corpo ígneo mais recente (granito de Tábua) a taxa de arrefecimento terá atingido valores da ordem dos 200.oC Ma-1, decrescendo progressivamente com o decorrer do tempo; para a actual superfície topográfica a isogeotérmica correspondente aos 100.oC apenas foi ultrapassada ca. 100 Ma após a implantação do magma. Para a diminuição verificada nas temperaturas crustais terão, sem dúvida, contribuído a actuação dos processos erosivos à superfície da crusta e que aproximaram os corpos graníticos daquela; taxas de denudação variáveis entre 0.2 e 0.02 mm ano-1 foram estimadas para os últimos 300 Ma.