Autocompaixão e parentalidade mindful em pais adotivos: O papel mediador das dificuldades de regulação emocional

Abstract

Background. Parenting encompasses various challenges and brings a wide range of changes. In regard to adoptive parenting, additional issues arise. These issues can be experienced in more or less adaptive ways, depending on the presence or absence of certain adoptive parents’ psychological resources. Although it has been demonstrated that self-compassion it’s associated with practice of mindful parenting, the literature on the mechanisms that explain these associations in remains scarce, being even non-existent with regard to adoptive parenthood. Objectives. This study aimed (1) to analyze the association self-compassion and mindful parenting in adoptive parents, considering the potential mediating role of emotional regulation difficulties and (2) to explore the extent to which the above-mentioned association differs from those observed in non-adoptive families. Method. This study is non-experimental and has a cross-sectional design, including a sample of adoptive parents (n = 297) and non-adoptive parents (n = 324) of children/adolescents aged between 2 and 17 years old, collected through an online self-report survey. Results. Mediation analyses showed that self-compassion was associated with mindful parenting in adoptive parents both directly and through emotional regulation difficulties. Through moderated mediation analyses, it was found that none of the pathways linking self-compassion and mindful parenting were moderated by the type of family. Conclusions. These results contribute to the understanding of the role that adopting a self-compassionate attitude can have in the adoptive parents’ practice of mindful parenting, highlighting the importance of their emotional regulation skills; they provide information about fundamental aspects to the development of therapeutic interventions aimed at the post-adoption period and targeted at the promotion of adoptive parents’ well-being in their parenting role and in parent-child interactions.

Enquadramento. A parentalidade compreende diversos desafios e gera um vasto conjunto de mudanças. Na parentalidade adotiva, surgem questões adicionais que podem ser vivenciadas de uma forma mais ou menos adaptativa, dependendo da presença ou ausência de determinados recursos psicológicos nos pais adotivos e nas mães adotivas. Ainda que tenha sido demonstrado que a autocompaixão se associa com o exercício de uma parentalidade mindful, a literatura acerca dos fatores que explicam esta associação permanece escassa, sendo mesmo inexistente no que respeita à parentalidade adotiva. Objetivos. O presente estudo teve como principais objetivos (1) analisar a associação entre autocompaixão e parentalidade mindful em pais adotivos e mães adotivas, considerando o potencial papel mediador das dificuldades de regulação emocional na mesma e (2) explorar em que esta associação difere da observada em famílias não adotivas. Método. Este estudo é de natureza não experimental e de desenho transversal, incluindo uma amostra de pais e mães em famílias adotivas (n = 297) e em famílias não adotivas (n = 324) com crianças/adolescentes com idades compreendidas entre os 2 e os 17 anos; os dados foram recolhidos online através de questionários de autorresposta. Resultados. As análises de mediação mostraram que a autocompaixão se associou com a parentalidade mindful em famílias adotivas por via direta e por via das dificuldades de regulação emocional. Através de análises de mediação moderada, verificou-se que nenhuma das vias de associação entre a autocompaixão e a parentalidade mindful foi moderada pelo tipo de família. Conclusões. Estes resultados contribuem para a compreensão do papel que uma postura autocompassiva pode ter no exercício de uma parentalidade mindful, nomeadamente em famílias adotivas, sublinhando a sua importância na capacidade de regulação emocional deste pais e mães; constituem, assim, informação fundamental para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas destinadas ao período pós-adoção e direcionadas para a promoção do bem-estar de pais e mães no exercício da parentalidade adotiva e da qualidade da interação pais-filhos.