O FENÓMENO DO IMPOSTOR NOS MÉDICOS DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR

Abstract

Introduction: The impostor phenomenon (IP) describes high-performing individuals who, despite their numerous successes fail to internalize their achievements, have persistent doubts about themselves and live in permanent fear of being exposed as a fraud or an imposter.Objective: Evaluate the IP in general and family medicine specialists, according to gender, years of specialty experience and the association with distress or psychological suffering.Methods and materials: A cross-sectional observational study was conducted on a convenience sample of general and family medicine specialist, obtained by applying a questionnaire in specific conversation networks with CIPS and PHQ-4 questionnaires in 2023. Descriptive statistics and inferential analysis were used to evaluate and interpret the data.Results: In a sample of n=304, statistically significant differences were detected for distress by gender, women being worse (p<0.001), and in the number of years of specialty, with youngers suffering more (p=0.008). Regarding IP, statistically significant differences were identified in professional practice, with youngers suffering more, (p<0.001). The correlation between IP and distress or psychological suffering demonstrated a weak and non-significant positive correlation, ρ=0,066, p=0,249, in global score.Discussion: Since IP is related to psychological suffering and has a significant impact on the individual’s functional status, measures at a personal and institutional level should be considered. Conclusion: A frequency of 27.6% of doctors experienced frequent or intense IP, with no significant difference between genders, but significantly lower with increasing years of professional practice, 52.2% for professional practice up to 5 years, 28.6% for professional practice between 11 and 15 years, and 11.1% above 16 years of professional practice. Moderate or severe psychological distress or suffering was found in 21.7% of the sample, with women revealing significantly more moderate or severe distress. Through years of professional practice, there was a difference with moderate or severe distress being more common in doctors with up to 5 years of professional activity (25.4%) and in those with between 11 and 15 years of professional activity (32.2%).

Introdução: O fenómeno do impostor (IP) descreve indivíduos de alto desempenho que, apesar dos seus inúmeros sucessos falham em interiorizar as suas realizações, têm dúvidas persistentes sobre si mesmos e vivem com o medo permanente de ser expostos como uma fraude, ou um impostor.Objetivo: Avaliar o IP nos médicos especialistas de medicina geral e familiar, segundo o sexo, e os anos de prática de especialidade e verificar a associação do IP com distress ou sofrimento psicológico.Métodos: Realizou-se um estudo observacional transversal numa amostra de conveniência de especialistas de Medicina Geral e Familiar, obtida pela aplicação de um questionário em redes específicas de conversação com os questionários CIPS e PHQ-4, em 2023. Realizou-se estatística descritiva e inferencial.Resultados: Numa amostra de n=304, verificaram-se diferenças significativas para o distress por sexo, a mulher estando pior (p<0,001) e número de anos de especialidade, os mais novos sofrendo mais (p=0,008). O IP foi significativamente diferente para o número de anos de prática de especialidade, os mais novos sofrendo mais (p<0,001). Verificou-se uma correlação positiva, fraca e não significativa entre o distress ou sofrimento psicológico e o IP, r=0,066, p=0,249, em valor absoluto de cada escala.Discussão: Por o IP estar relacionado com sofrimento psicológico e este ter um efeito substancial no status funcional do indivíduo, medidas mitigadoras a nível pessoal e institucional deverão ser pensadas.Conclusão: Verificou-se uma frequência de 27,6% de médicos em IP Frequentes ou Intensos, sem diferença significativa entre sexos, mas significativamente menor com o avançar dos anos de prática profissional de 52,2%, para prática profissional até 5 anos, 28,6% para prática profissional dos 11 aos 15 anos e de 11,1% acima dos 16 anos de prática profissional. O distress ou sofrimento psicológico moderado ou severo verificou-se em 21,7% da amostra, a mulher revelando, significativamente, ter mais distress moderado ou severo. Por anos de prática profissional verificou-se também diferença, sendo mais frequente o distress moderado ou severo nos médicos até 5 anos de atividade profissional (25,4%) e naqueles com entre 11 e 15 anos com (32,2%).