Uso de anticorpos monoclonais no tratamento da enxaqueca em idade pediátrica: uma realidade cada vez mais próxima?

Abstract

Migraine is a neurological disorder that has a high incidence and prevalence rate in children and adolescents, resulting in high costs and disability for the individual and community. Current preventive medications have variable effectiveness, and their use is often limited by undesirable side effects. The discovery of the role of calcitonin gene-related peptide (CGRP) in the pathophysiology of migraine led to the development of specific drugs against it or its receptor, which have already demonstrated efficacy and tolerability in the treatment of migraine in adults. Tolerability has been similar to placebo and, so far, there have been no worrying signs regarding the safety of these medicines. Scientific studies in the adult population have demonstrated unprecedented response rates, with studies identifying super-responders, with 100% improvements in metrics considered as primary and secondary objectives.However, little is known about these medications in the treatment of migraine in pediatrics. There are ongoing clinical trials aimed at using these drugs in children and adolescents, trying to assess whether the magnitude of the therapeutic effect will be similar to that seen in the adult population, as well as whether or not the safety profile will be superimposable. The objective of this review article is to gather the available information regarding these studies, showing the therapeutic potential of this pharmacological class in the treatment of migraine in pediatric age.

A enxaqueca é um distúrbio neurológico que apresenta uma elevada taxa de incidência e prevalência em crianças e adolescentes, resultando em elevados custos e incapacidade para o indivíduo e comunidade. Os medicamentos preventivos atuais têm eficácia variável e o seu uso é frequentemente limitado por efeitos colaterais indesejáveis. A descoberta do papel do peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP) na fisiopatologia da enxaqueca levou ao desenvolvimento de fármacos específicos contra o mesmo ou o seu recetor, que já demonstraram eficácia e tolerabilidade no tratamento da enxaqueca, no adulto. A tolerabilidade tem sido semelhante ao placebo e não existiu, até agora, nenhum sinal preocupante, no que respeita à segurança dos referidos medicamentos. Os estudos científicos, na população adulta, demonstraram taxas de resposta sem precedentes, havendo estudos que identificaram super-respondedores, com melhorias de 100% nas métricas consideradas como objetivos primários e secundários.No entanto, pouco se sabe sobre estes medicamentos no tratamento da enxaqueca em idade pediátrica. Encontram-se em curso alguns ensaios clínicos que visam a utilização destes fármacos em crianças e adolescentes, tentando-se avaliar se a magnitude do efeito terapêutico será semelhante ao que se verifica na população adulta, assim como se o perfil de segurança será ou não sobreponível. O objetivo deste artigo de revisão é reunir a informação disponível, relativamente a estes estudos, mostrando o potencial terapêutico desta classe farmacológica no tratamento da enxaqueca, em idade pediátrica.