Fatores de risco e estratégias de prevenção da Depressão Pós-Parto: uma revisão da literatura

Abstract

Introduction: Postpartum depression (PPD) corresponds to a depression major beginning during pregnancy or up to 4 weeks after childbirth. Symptoms of PPD include those of major depression, in addition to excessive worry about the baby and its well- being, recurrent thoughts of self-inflicted harm or harm to the baby, and infanticide. When left untreated, symptoms can persist for up to a year after birth, having repercussions on the entire household, but above all on the mother and child. Despite existing knowledge and the global prevalence of 10 to 15%, this pathology will remain underdiagnosed. Methodology: A narrative review was carried out with the keywords “postpartum period”, “depression”, “maternal health”, “risk factors”, “screening”, using the boolean indicator “AND” between each one, in the PubMed database. The articles were selected according to inclusion and exclusion criteria defined a priori. The inclusion criteria were the date of publication between 2012 and 2023 and the language in English or Portuguese. Exclusion criteria were the absence of reference in the title or abstract to risk factors or ways to prevent postpartum depression and topics unrelated to depression in the postpartum period.Results and Discussion: Among the risk factors for PPD are lack of partner or society support, history of depression, overweight or obesity, gestational diabetes, physical and/or emotional violence, low socioeconomic status, immigration, vitamin D deficit, young age and pre-pregnancy maternal health. The most used screening tool is the EPDS questionnaire, which assesses the frequency of symptoms in the last 7 days, with a maximum score of 30 points, with the highest risk of PPD being the highest score. The diagnosis of depression is made with at least 10 points. Treatment is based on either cognitive-behavioral therapy (CBT) or pharmacological therapy (FT). The latter is preferably performed with selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs), emphasizing sertraline, as it is associated with low or even undetectable levels in breast milk. It is essential to invest in effective PPD screening. There seems to be benefit in studying and acting on known risk factors, even the least explained ones. In order to prevent, monitor and treat in a more timely manner, it is suggested to study possible biomarkers, such as IL-6 (Interleukin 6) and IL-1β (Interleukin 1 beta).Conclusion: The best method to prevent PPD is prevention. Studies are needed to identify the most efficient context, screening, and biomarkers. Only then will it be possible to timely identify and signal women at risk, with adequate intervention and monitoring.

Introdução: A depressão pós-parto (DPP) corresponde a uma depressão major com início na gravidez ou até 4 semanas após o parto. Os sintomas de DPP incluem os da depressão major, aos quais se juntam preocupação excessiva em relação ao bebé e ao seu bem-estar, pensamentos recorrentes de dano auto-infligido ou ao bebé e de infanticídio. Quando não tratada, os sintomas podem persistir até um ano após o parto, tendo repercussões em todo o agregado familiar, mas acima de tudo na mãe e na criança. Apesar do conhecimento existente e da prevalência global de 10 a 15%, esta patologia permanecerá subdiagnosticada.Metodologia: Realizou-se uma revisão narrativa com as palavras-chave “postpartum period”, “depression”, “maternal health”, “risk factors”, “screening”, tendo-se utilizado o indicador boleano “e” entre cada uma, na base de dados PubMed. Os artigos foram selecionados de acordo com critérios de inclusão e exclusão definidos a priori. Os critérios de inclusão foram a data de publicação entre 2012 e 2023 e o idioma em inglês ou português. Os critérios de exclusão foram a ausência de referência no título ou no resumo a fatores de risco ou formas de prevenção da depressão pós-parto e assuntos não relacionados com a depressão no período pós-parto.Resultados e Discussão: Entre os fatores de risco para DPP incluem-se a falta de apoio do parceiro ou da sociedade, antecedentes de depressão, excesso de peso ou obesidade, diabetes gestacional, violência física e/ou emocional, estatuto socioeconómico baixo, imigração, défice de vitamina D, idade jovem e saúde materna prévia à gravidez. A ferramenta de screening mais utilizada é o questionário EPDS, que avalia a frequência de sintomas nos últimos 7 dias, numa cotação máxima de 30 pontos, sendo maior o risco de DPP aquando de maior pontuação. O diagnóstico de depressão é feito com pelo menos 10 pontos. O tratamento tem como base quer a terapia cognitivo- comportamental (CBT) quer a farmacológica (TF). Esta última é preferencialmente realizada com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI’s), dando-se relevo à sertralina, por se associar a níveis baixos ou mesmo indetetáveis no leite materno. É fundamental investir num rastreio eficaz da DPP. Parece haver benefício em estudar e atuar sobre fatores de risco conhecidos, mesmo os menos explicados. De modo a prevenir, monitorizar e tratar de forma mais atempada, é sugerido o estudo de possíveis biomarcadores, como a IL-6 (Interleucina 6) e IL-1β (Interleucina 1 beta). Conclusão: O melhor método para prevenir a DPP é a prevenção. São necessários estudos que identifiquem o contexto, o rastreio e os biomarcadores mais eficientes. Só assim será possível a identificação e sinalização atempadas de mulheres em risco, com intervenção e monitorização adequadas.