Tipo de avaliação e perturbações psicológicas nos estudantes de Medicina

Abstract

Introdução: A ansiedade, sensação de desconforto, medo ou apreensão perante situações de desfecho imprevisível, apesar de, em níveis ligeiros, ser benéfica, quando está presente em níveis extremos pode dificultar a performance nomeadamente em exames e até originar doença mental. Neste trabalho pretendemos perceber se há diferenças significativas nos níveis de distress sentidos pelos alunos aquando dos diferentes métodos de avaliação e compará-lo em função de variáveis de contexto.Métodos: Realizou-se um estudo exploratório, observacional transversal, aplicando aos alunos do 5º e 6º anos do Mestrado Integrado em Medicina de várias escolas, um questionário através da plataforma Google Forms. O questionário incluía consentimento informado, estudo das variáveis de contexto e aplicação do questionário PHQ-4 “patient health questionnaire-4”, para resposta quanto ao ocorrido aquando do último exame de cada tipo. Realizou-se análise estatística descritiva e inferencial.Resultados: Estudámos uma amostra de 194 alunos, sem diferenças significativas para as variáveis de contexto. A prova oral apresentou a mediana e o percentil 25 e 75 mais elevados, tendo a prova escrita e com o doente valores semelhantes à exceção do percentil 75 em que a prova com o doente apresentou valores superiores. No estudo do distress em função das variáveis de contexto, o sexo feminino apresentou uma mediana significativamente superior em todas as provas e a escola médica FMUC “Faculdade de medicina da Universidade de Coimbra” apresentou valores mais elevados nos percentis 25 e 75 na prova oral. Discussão: Apesar do sexo ter um papel importante no sofrimento psicológico, este é transversal a todos os alunos de medicina, em maior ou menor grau, independentemente do sexo, idade, ano de frequência ou escola médica. Propõe-se novos estudos que aprofundem este tema no sentido de justificar a diferença de ansiedade entre sexos e escolas médicas. As principais limitações deste trabalho incluem o número inferior de respostas na prova oral e com o doente, a não aplicabilidade de um dos critérios do PHQ-4, bem como a possibilidade de existir viés de esquecimento.Conclusão: O exame oral é o mais stressante, deixando pelo menos metade dos alunos em níveis patológicos de distress, segue-se o exame com o doente e o exame escrito. Quanto às variáveis de contexto o sexo feminino sofre mais distress perante todas as provas, os alunos FMUC apresentam maior sofrimento psicológico perante o exame oral e as restantes variáveis de contexto não apresentam diferenças.

Introduction: Anxiety, the feeling of discomfort, fear, or apprehension in the face of unpredictable outcomes, although beneficial in mild levels, can hinder performance, especially in exams, and even lead to mental illness when present in extreme levels. In this study, we aim to understand if there are significant differences in the levels of distress experienced by students during different assessment methods and to compare it based on contextual variables. Methods: An exploratory, cross-sectional observational study was conducted by administering a questionnaire through the Google Forms platform to students in the 5th and 6th years of the Integrated Master's Program in Medicine from various schools. The questionnaire included informed consent, a study of contextual variables, and the application of the PHQ-4 questionnaire (Patient Health Questionnaire-4) to gather responses regarding the experiences during the last examination of each type. Descriptive and inferential statistical analyses were performed.Results: We studied a sample of 194 students, finding no significant differences for contextual variables. The oral examination had the highest median and 25th and 75th percentiles, with the written examination and the patient examination showing similar values, except for the 75th percentile, where the patient examination had higher values. In the study of distress based on contextual variables, the female gender exhibited a significantly higher median in all exams, and the medical school FMUC (Faculty of Medicine of the University of Coimbra) showed higher values in the 25th and 75th percentiles in the oral examination.Discussion: Despite gender playing a significant role in psychological distress, this is pervasive among all medical students to varying degrees, irrespective of gender, age, year of study, or medical school. We propose further studies to delve deeper into this topic to justify the anxiety difference between genders and medical schools. The main limitations of this work include the lower number of responses in the oral and patient examinations, the inapplicability of one of the criteria of the PHQ-4, as well as the possibility of recall bias.Conclusion: The oral examination is the most stressful, leaving at least half of the students in pathological levels of distress, followed by the patient examination and the written examination. Concerning contextual variables, the female gender experiences more distress in all exams, FMUC students exhibit more psychological distress in the oral examination, and the other contextual variables do not show differences.