Estimativa da Estatura através da Análise Métrica da Mandibula - Estudo numa amostra populacional portuguesa do Séc. XXI.

Abstract

Stature estimation is one of the parameters of the biological profile, being a vital task in forensic investigation and contexts of past populations, particularly in the reconstruction of an individual’s identity. Stature is influenced over time and space by a variety of factors, such as biological, environmental, socioeconomic, and cultural factors, which leads to the constant need of developing and updating formulae for its estimation. Over time, forensic anthropologists have used various human skeletal elements for stature estimation; however, the mandible is an element that has been overlooked for this purpose.The present study aims to investigate the relationship between mandible dimensions andstature and develop equations for estimating stature based on mandibular measurements. The sample consisted of mandible from 180 adult individuals (96 men and 84 women) from two Portuguese collections of identified skeletons from the 21st century: the Collection of Identified Skeletons from the 21st century at the University of Coimbra (CEI/XXI) and the Collection of Identified Skeletons from the 21st century at CESPU (CEIC). As there are no records of the individuals’ real statures, the Mendonça method (2000), based on the length of the long bones,was applied to obtain an estimated stature with which to compare the estimates based on mandible dimensions.The results of this study demonstrate a significant correlation between the mandibledimensions and stature, which varies according to sex and the type of tooth loss presented by the lower central incisors. Therefore, three regression equations were developed for stature estimation for females and regardless of sex and two equations for males, considering and not considering the type of tooth loss. The statures estimated from these new equations did not present statistically significant differences from those obtained using the Mendonça method (2000). All equations showed minimum percentages of non-coincidence between the intervals of each method, with the equation for females with antemortem tooth loss presenting the highest total coincidence rate (71.11%). However, the relatively high percentage of only partial coincidences in the results of each equation means that their isolated use in estimating statureis not recommended.

A estimativa da estatura é um dos parâmetros do perfil biológico, sendo uma tarefa vital para a investigação forense e também para contextos de populações do passado, aquando da reconstrução da identidade de um indivíduo. A estatura é algo que é afetado temporal e espacialmente por uma variedade de fatores como fatores biológicos, ambientais, socioeconómicos e culturais, pelo que existe a constante necessidade de desenvolver e atualizar fórmulas para a sua estimativa. Ao longo do tempo, antropólogos forenses têm utilizado diversos elementos ósseos humanos para a estimativa da estatura, porém a mandíbula é um elemento que tem sido esquecido para este efeito. O presente estudo tem como objetivo investigar a relação entre as dimensões da mandíbula com a estatura e desenvolver equações para a estimativa da estatura com base em medidas mandibulares. A amostra consistiu em mandíbulas de 180 indivíduos adultos (96 homens e 84 mulheres) provenientes de duas coleções portuguesas de esqueletos identificados do séc. XXI: Coleção de Esqueletos Identificados do século XXI da Universidade de Coimbra (CEI/XXI) e Coleção de Esqueletos Identificados do século XXI da CESPU (CEIC). Como não existem registos sobre as estaturas reais dos indivíduos, aplicou-se o método de Mendonça (2000), baseado no comprimento dos ossos longos, para obter uma estatura estimada com a qual comparar as estimativas baseadas na métrica mandibular.Os resultados deste estudo demonstraram uma correlação significativa entre as dimensões da mandíbula e a estatura que varia consoante o sexo e o tipo de perda dentária dos incisivos centrais inferiores. Por isso, foram desenvolvidas três equações de regressão para a estimativa da estatura para o sexo feminino e independente do sexo, e duas equações para o sexo masculino, considerando ou não o tipo de perda dentária. As estaturas estimadas a partir das novas equações não apresentaram diferenças estatisticamente significativas das obtidas pelo método de Mendonça (2000). Todas as equações apresentaram percentagens mínimas de inexistência de coincidência entre os intervalos de cada método, sendo a equação do sexo feminino com perda dentária antemortem a que apresentou a maior taxa de coincidência total (71,11%). Porém, a percentagem relativamente elevada de coincidências apenas parciais dos resultados de cada equação leva a que não se recomende o seu uso isolado na estimativa da estatura.