Study of the clinical association between audio-vestibular hypofunction and vascular events

Abstract

The differential diagnosis of acute audiovestibular diseases is vast, including viral infections tumors, autoimmunity, and others. The link between these acute inner ear events and cardiovascular risk factors (CVRFs) has been analyzed. Studies hypothesized that inner ear acute events might be a clinical outcome of thrombotic and hemorrhagic disease of the end-artery type of the inner ear. The increasing performance of medical imaging has allowed diagnostic inner ear acute vascular inner ear events like bleeding and cochleovestibular infarction. Studying the potential links between acute inner ear hypofunction and CVRFs may allow the detection of high-risk patients and optimize their disease management. The work performed in this thesis included longitudinal analysis of a cohort of patients diagnosed with acute audiovestibular hypofunction and of another cohort of age-related hearing loss patients, analyzing the link between vascular risk and cardiocerebrovascular disease. Thus, the aims of this work are to assess if sudden sensorineural hearing loss (SSNHL), acute unilateral peripheral vestibulopathy (AUPVP), and acute unilateral audiovestibular hypofunction (AUAVH) can be associated with a higher prevalence of cardiocerebrovascular disease (CCVD) and CVRFs, and if vascular risk can be associated to age-related hearing loss and influence its severity. First, a systematic review was performed including 805 patients from 11 AUPVP studies. The results were summarized regarding hemodynamic events, inflammation markers, and CVRFs in AUPVP. Dysfunctions in vertebrobasilar circulation and arterial stiffness, inflammatory and thrombotic events neutrophil-mediated and CVRFs were linked to AUPVP. Secondly, a systematic review with meta-analysis from 102292 patients added that hypertriglyceridemia and hypercholesterolemia were independent risk factors from SSNHL. From a group of 125 consecutive patients with SSNHL, AUPVP, or AUAVH and 250 age and sex-matched controls, a higher prevalence of CVRFs diabetes mellitus (DM), high blood pressure (HBP) and dyslipidemia (DLP) was verified in patients (p<0.05). A significantly elevated risk of acute unilateral inner ear hypofunction (AUIEH) was found in patients with two or more CVRFs [adjusted Odds Ratio (OR) 5.11]. Previous CCVD individually predicted AUIEH (OR 8.41). Subgroup analysis showed the same tendency in AUPVP and SSNHL.Age-related hearing loss (ARHL) patients (n=156) were evaluated for vascular risk through personnel history of HBP, DM, or DLP. A low-frequency audiometric notch in 250 Hz or 500 Hz verified in 36 patients was significantly associated with the presence of HBP or DM or DLP (OR 3.54, p<0.001). Averaged hearing thresholds between 250 and 1000 Hz > 25 dB HL were associated with DM (OR 2.97, p=0.032). In conclusion, there are indirect evidence for vascular mechanisms in AUPVP, without significant populations sizes and control group, which was optimized with the presented case-control study. Hypertriglyceridemia and hypercholesterolemia may be independent risk factors for SSNHL. A diagnostic standardization in patients with SSNHL is needed regarding cardiovascular comorbidities. Low-frequency audiometric notches may be a possibility for vascular risk prediction in ARHL patients that merits future attention in larger populations studies.The risk factors may be well investigated to develop more evidence on etiologic incidents. If future studies show that these patients may reveal unknown vascular risks, this will have important implications for therapeutic and preventive strategies.

O diagnóstico diferencial das patologias auditivas e vestibulares agudas é diverso, incluindo infeções virais, tumores, auto-imunidade entre outros. A associação destes eventos agudos com factores de risco cardiovascular (FRCV) e eventos vasculares tem sido analisada, existindo a suspeita de que alguns destes casos possam ser, na verdade, manifestações iniciais de patologia vascular trombótica ou hemorrágica da circulação de tipo terminal do ouvido interno. A crescente acuidade diagnóstica da imagiologia médica permitiu identificar hemorragias do ouvido interno e enfartes vestíbulococleares em eventos otológicos agudos. Analisar as potencias relações entre os eventos audiovestibulares agudos e o risco cardiovascular permitirá a identificação de eventuais doentes de alto risco e modificar a abordagem diagnóstica e eventualmente terapêutica destes casos. O trabalho realizado nesta tese consistiu na análise longitudinal de um grupo de doentes com perdas audiovestibulares agudas e um outro grupo de doentes com presbiacusia, analisando a associação com o risco cardiovascular e doença cardiocerebrovascular (DCCV). Assim, os objectivos deste trabalho são avaliar se a ocorrência de surdez súbita neurossensorial (SSSN), hipofunção vestibular periférica aguda (HVPA) e hipofunção audiovestibular periférica aguda (HAVPA) poderão estar associadas a eventos cardiocerebrovasculares, avaliar uma possível ligação clínica entre FRCV e as perdas audiovestibulares agudas, e identificar possíveis associações entre o perfil de risco vascular e presbiacusia.Numa etapa inicial avaliou-se qualitativamente a evidência presente na literatura num grupo final de 805 doentes de 11 estudos abordando a HVPA. Os resultados foram recolhidos relativamente a eventos hemodinâmicos, marcadores inflamatórios e FRCV na HVPA. Anomalias na circulação vertebrobasilar e rigidez arterial, modificações inflamatórias e trombóticas mediadas por neutrófilos e alta prevalência de FRCV foram associadas à HVPA. Em relação à SSSN, uma revisão sistemática com meta-análise já foi viável pela quantidade de dados existentes, incluindo 102292 doentes. Esta avaliação permitiu adicionar à literatura previamente existente a hipertrigliceridémia e a hipercolesterolémia como factores de risco independentes para a ocorrência de SSSN.Na análise longitudinal de doentes com perda audiovestibular aguda , foram incluídos 125 indivíduos com SSSN, HVPA e HAVPA, e 250 indivíduos controlo emparelhados por idade e sexo. Foram analisadas as prevalências de hipertensão arterial (HTA), diabetes mellitus (DM) e dislipidémia entre grupos, estabelecendo uma comparação do risco vascular. Além disso, foi avaliada a existência de DCCV em cada grupo. Uma maior prevalência de FRCV foi verificada no grupo de doentes (p<0.05). O risco de perda audiovestibular aguda foi significativamente superior nos doentes com 2 ou mais FRCV (adjusted Odds Ratio (OR) 5.11). A história prévia de DCCV foi predictora da ocorrência de perda audiovestibular aguda (OR 8.41). A análise dos subgrupos (SSSN, HVPA e HAVPA) revelou a mesma tendência.No grupo de 156 doentes com presbiacusia, o risco vascular foi avaliado mediante a história prévia de HTA, DM ou dislipidémia. Através da análise das curvas audiométricas individuais foi estudada a possível associação entre risco vascular e gravidade e tipo de curva audiométrica. Verificou-se a associação entre a presença de um entalhe audiométrico nas baixas frequências (250 ou 500 Hz) e a presença de pelo menos um FRCV (HTA, DM ou dislipidemia, OR 3.54, p<0.001). Além disso, limiares auditivos médios entre 250 e 1000 Hz > 25 dB HL estiveram associados com a presença de DM (OR 2.97, p<0.05).Em conclusão, analisando qualitativa e quantitativamente a literatura existente, a evidência para mecanismos vasculares na HVPA existe, mas de forma indirecta, faltando estudos com população significativa e respectivo grupo controlo, o que se procurou completar com o presente trabalho. No que diz respeito à SSSN, os resultados deste trabalho revelam que a hipertrigliceridémia e a hipercolesterolémia podem ser factores de risco independentes para a ocorrência de SSSN. De facto, analisando a coorte do presente trabalho, os FRCV e a DCCV estiveram significativamente associados a perda áudio-vestibular aguda. Na presença de presbiacúsia, a observação de um entalhe audiométrico nas baixas frequências (250 ou 500 Hz) pode ser predictor de um maior risco vascular. Deste modo, a exploração diagnóstica nestes doentes poderá ser optimizada com eventuais repercussões na estratégia terapêutica a seguir.