Envelhecimento ativo, digno e saudável: Contributos dos idosos e seus cuidadores

Abstract

Neste estudo pretendeu-se dar voz às pessoas idosas e aos seus cuidadores (familiares/informais e profissionais/formais) para conhecer as suas perspetivas sobre a discriminação e violência para com as pessoas idosas e quais os seus contributos para a sua prevenção. Seguimos uma abordagem metodológica de natureza qualitativa que permite compreender o significado que as pessoas idosas e seus cuidadores atribuem à discriminação e à violência de que são alvo os mais velhos. Participaram pessoas idosas, num total de 27, através de focus group, e seus cuidadores, num total de 38, através de entrevistas semiestruturadas, em contexto comunitário, meio urbano e rural. Dos resultados obtidos sobre a perceção dos participantes relativos à discriminação e violência, destacamos: que as pessoas idosas são um grupo heterogéneo, frequentemente não são respeitadas, o que afeta a sua dignidade humana e consequentemente não são tidos em conta os seus direitos; que os estereótipos e preconceitos influenciam a representação social das pessoas idosas e afetam o seu bem-estar, surgindo na sociedade em geral, e em contextos de saúde e sociais; que a discriminação é uma forma de violência e um ato condenável e criminal, originando medo e vergonha por parte das pessoas idosas, pois os agressores são, na maioria das vezes, os próprios familiares; que a (in)visibilidade da violência, torna difícil a sua identificação, existindo um défice de denúncia; que os participantes reconhecem diversos tipos de violência, nomeadamente física, psicológica, económico-financeira, negligência, abandono, os quais ocorrem em casa, nos lares e em casas de acolhimento: Os participantes destacam ainda diversos fatores de risco, tais como: a falta de apoios na comunidade adequados à pessoa idosa e família; as condições de saúde e sociais da pessoa idosa, o isolamento; a sobrecarga dos cuidadores familiares; a falta de formação dos diversos cuidadores; cuidados de saúde inadequados incluindo a falta de resposta atempada da RNCCI; educação pessoal insuficiente; pessoa idosa a viver sozinha; história familiar de violência; aumento da população idosa; características do agressor; o próprio sistema político; falta de amor e respeito; e programas de televisão violentos.Em relação aos contributos para a prevenção da discriminação e violência para com a pessoa idosa, foi salientada a relação das pessoas idosas com quem as rodeia, através de interações baseadas no respeito e afetividade, e um acompanhamento efetivo das pessoas idosas, através de serviços de proximidade. Há necessidade de dar suporte ao cuidador familiar. Na comunidade, foi reforçada a importância da relação amistosa amistosa com os profissionais de saúde e de uma forma geral, a necessidade de intervenção conjunta dos vários atores de apoio e segurança, o trabalho em parceria, a supervisão dos cuidadores familiares, dos lares/instituições e cuidadores profissionais, a necessidade de identificação da população idosa, e de mais recursos humanos e materiais nas áreas da saúde e social, tendo em conta a real necessidade das pessoas idosas e famílias. Em termos políticos são necessárias medidas mais eficazes de proteção da pessoa idosa, supervisão das instituições, melhoria das condições de vida das pessoas idosas, promoção da dignidade das pessoas idosas, políticas de apoio às famílias, restruturação dos recursos de saúde e sociais adaptados às necessidades reais das pessoas idosas e família, melhoria do funcionamento da RNCCI, promoção da justiça social e terminar com a mudança da hora legal. A educação foi referida por todos os participantes como uma importante medida de prevenção da discriminação e violência, devendo ocorrer a nível individual, familiar, dos cuidadores familiares e profissionais e da sociedade em geral, através de programas sobre o processo de envelhecimento e de programas de educação intergeracional. Foi referido ainda dar mais visibilidade à discriminação e violência para com a pessoa idosa, para a tomada de consciência de toda a população, usando a comunicação social e as redes sociais, bem como investigar o impacto da violência na pessoa idosa. O envelhecimento ativo, digno e saudável pode contribuir, a nível individual, para a promoção de comportamentos de vida saudáveis ao longo de todo o ciclo de vida e preparar para o envelhecimento desde o nascimento. A família tem o dever de promover relações intergeracionais e solidárias, a, a transmissão de comportamentos saudáveis e valores. Na comunidade é importante fortalecer as relações intergeracionais, o amor, a solidariedade, infraestruturas de infraestruturas de saúde e sociais que promovam o envelhecimento ativo, digno e saudável ao longo da vida e o desenvolvimento do trabalho em parceria. A nível político é necessário fazer reformas estruturais nas áreas educativa, social e de saúde.

The aim of this study was to give voice to elderly people and their caregivers (family/informal and professional/formal) to learn about their perspectives on discrimination and violence against the elderly and their contributions to its prevention. We follow a methodological approach of a qualitative nature that allows us to understand the meaning that elderly people and their caregivers attribute to the discrimination and violence that older people are subject to. Elderly people participated, in a total of 27, through a focus group, and their caregivers, in a total of 38, through semi-structured interviews, in a community context, in urban and rural areas.The results obtained on the perception of the participants regarding discrimination and violence, we highlight: that the elderly are a heterogeneous group, they are often not respected, which affects their human dignity and consequently their rights are not taken into account; that stereotypes and prejudices influence the social representation of elderly people and affect their well-being, arise in society in general, and in health and social contexts; that discrimination is a form of violence and a reprehensible and criminal act, originating fear and shame on the part of the elderly, since the aggressors are, in most cases, their own family members; that the (in)visibility of violence makes it difficult to identify, there is a deficit of reporting; the participants recognized the types of violence: physical; psychological; negligence; abandonment and economic-financial violence, which occur at home, in nursing homes and in foster home; that there are several risk factors, such as: the lack of appropriate support in the community for the elderly person and family; the elderly person's health and social conditions, isolation; the overload of family caregivers; the lack of training of different caregivers; inadequate health care including lack of timely response from the RNCCI; insufficient personal education; elderly person living alone; family history of violence; increase in the elderly population; characteristics of the aggressor; the political system itself; lack of love and respect; and violent television programs.Concerning the contributions to the prevention of discrimination and violence against the elderly, emphasis was placed on the relationship between the elderly and those around them, through interactions based on respect and affection, and effective monitoring of the elderly, through health care services. proximity. There is a need to support the family caregiver. In the community, the friendly relationship with health professionals was again reinforced and, in general, the need for joint intervention by the various support and security actors, partnership work, supervision of family caregivers, homes/institutions and professional caregivers, the need to identify the elderly population, more human and material resources in the health and social areas, taking into account the real needs of elderly people and families. In political terms, more effective measures are needed to protect the elderly, supervise institutions, improve the living conditions of the elderly, promote the dignity of the elderly, support policies for families, restructure health and social resources adapted to the needs of the elderly and family, improving the functioning of the RNCCI, promoting social justice and ending with the change in the legal time. Education was referred by all participants as an important measure to prevent discrimination and violence, and should take place at the individual, family, family and professional caregivers and society levels in general, through programs on the aging process and intergenerational education programs. Give more visibility to discrimination and violence against the elderly, to raise awareness among the entire population, using the media and social networks, as well as investigate the impact of violence on the elderly.Active, dignified and healthy aging can contribute, at an individual level, to the promotion of healthy lifestyle behaviours throughout the entire life cycle and prepare for aging from birth. The family has the duty to promote intergenerational relationships, the transmission of values and healthy behaviours. In the community, it is important to strengthen intergenerational relationships, love, health and social infrastructures that promote active, dignified and healthy aging throughout life and the development of partnership work. At the political level, it is necessary to carry out structural reforms in the educational, social and health areas.