Caracterização de uma população de Profissionais de Saúde Infetados por SARS-CoV-2: Diagnóstico; Seguimento; Imunização

Abstract

Introduction: The virus that causes COVID-19 has been termed “Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2” (SARS-CoV-2). Several studies show a higher proportion of cases among Health Professionals (HP) who directly treat patients.Objectives: This study intends to characterize a population of HP infected by SARS-CoV-2 according to their sociodemographic characteristics, origin/source of infection, symptoms at diagnosis, and time of absenteeism.Methodology: This is a prospective-retrospective (ambidirectional), non-interventional cohort study, carried out at Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV), which from the beginning of the pandemic has received patients infected with COVID-19. The study population consisted of all the HPs who were working at CHEDV, contracted SARS-CoV-2 infection in the period from 06/03/2020 to 31/10/2021, and who were evaluated in a occupational medicine consultation (OM) after illness and until 03/31/2022.Results: Among the 2646 CHEDV employees (79% female), 428 HP (84% female) were infected during the period under review. The professional groups with the greatest representativeness on the number of infections were Nurses (23.7% of the total) and Operational Assistants (19.9%). The Departments with the greatest impact on their HPs were the Internal Medicine Department (37%), Other Departments (25%) and the Intensive Care Unit (20%). Regarding the origin of the disease, professional vs. acquired in the community, 332 cases (78%) were considered as Occupational Disease (OD). The 267 HP who contracted SARS-CoV-2 infection in the period from 03/06/2020 to 10/31/2021, who had a OM consultation after illness until 03/31/2022, had a mean body mass index (BMI) of 25.1 kg/m2, with 41.9% of these DP being overweight or obese. The most frequently found analytical alterations were the increase in Sedimentation Rate (SV) and C-reactive protein; 45 HP had alterations on chest X-ray, and 14 had alterations typical of SARS-CoV-2 pneumonia sequelae on chest CT. Regarding the assessment of respiratory function, 45 (17%) had decreased CO diffusion and 3 (1.1%) had spirometric changes compatible with an obstructive pattern. Of the 267 HP, 10 (3.7%) needed to be admitted to the Internal Medicine Service, 4 of them also needed to be admitted to the Intensive Care Unit (ICU) and/or Intermediate Care Unit (ImCU). The mean time from diagnosis to onset of symptoms was 1.6 days. A total of 233 anti-nucleocapsid IgG assessments and 116 anti-spike IgG assessments were performed. The longer the time from infection to obtaining anti-nucleocapsid IgG, the lower the level of anti-nucleocapsid IgG. Likewise, the age variable is positively correlated with the level of anti-nucleocapsid IgG. Regarding anti-spike IgG, the longer the time from infection to obtaining anti-spike IgG, the higher the level of anti-spike IgG not statistically significant). Regarding the presence of smoking exposure and/or comorbidities, 154 (62%) had at least smoking exposure and/or one comorbidity prior to the diagnosis of SARS-CoV-2, the most common being: osteoarticular/rheumatological pathology, respiratory pathology, psychological pathology and arterial hypertension.Regarding vaccination, of the 267 HP evaluated in an OM consultation, 257 (96%) had a complete vaccination schedule and 10 (3.7%) had not received any vaccine by choice. Regarding the Absenteeism Time variable, on average, workers were absent for this infection for 7 weeks. The 267 HP had on average relevant symptoms for 3.1 weeks, with the most common symptoms being myalgia (75%), anosmia and/or ageusia (69%), headache (66%), cough (55%), dyspnea (46% ), subfebrile state (46%) and fever (42%). Only 5 (1.9%) of the HP were completely asymptomatic.Among this group of HP, 169 (64%) had residual symptoms: 47% fatigue and 39% other residual symptoms. Conclusions: Of the 267 HP who had a OM appointment after illness by march 31, 2022, the average time from diagnosis after onset of symptoms was 1.6 days; the mean time of presence of relevant symptoms was 3.1 weeks and the mean time of absenteeism was 7 weeks. 62% were female, with an average age of 39 years. Older age and/or a higher BMI are correlated with longer time of presence of relevant symptoms.In our study, we found that having been hospitalized in Internal Medicine significantly increased the time of end of relevant symptoms and the time of absenteeism.Regarding vaccination, despite our vaccination rate (96%) being higher than the rate at national, European and world level, we still have around 4% of HP who hesitated and chose not to vaccinate. Palavras chave: saúde do trabalhador; profissionais de saúde; saúde ocupacional; COVID-19 (imunologia, epidemiologia, diagnóstico, complicações); absentismo; atestado médico; SARS-CoV-2; prevalência.

Introdução: O vírus que causa a COVID-19 foi denominado como “Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave)” (SARS-CoV-2). Vários estudos mostram uma maior proporção de casos entre os Profissionais de Saúde (PS) que tratam diretamente os doentes. Objetivos: O presente estudo pretende caracterizar uma população de PS infetados por SARS-CoV-2 em função das suas características sociodemográficas, origem/ fonte da infeção, sintomatologia apresentada e tempo de absentismo. Metodologia: Trata-se de um estudo de coorte prospetivo-retrospetivo (ambidirecional), não intervencional, realizado no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV), que desde o início da pandemia recebeu doentes infetados por COVID-19. A população do estudo foi constituída por todos os PS que estando a exercer funções no CHEDV, contraíram infeção por SARS-CoV-2 no período de 06/03/2020 a 31/10/2021, e que foram avaliados em consulta de medicina do trabalho (MT) após doença até 31/03/2022. Resultados: Do total de 2646 funcionários do CHEDV (79% do sexo feminino), no periodo em análise, foram infetados 428 PS (84% do sexo feminino). Os grupos profissionais com maior representatividade no número de infeções foram os Enfermeiros (23.7% do total) e os Assistentes Operacionais (19.9%). Os Serviços com maior atingimento dos seus PS foram o Serviço de Medicina Interna (37%), Outros Internamentos (25%), e a Unidade de Cuidados Intensivos (20%). Relativamente à origem de aquisição da doença, profissional vs adquirida n comunidade, foram considerados como Doença Profissional (DP) 332 casos (78%). Os 267 PS que contraíram infeção por SARS-CoV-2 no período de 06/03/2020 a 31/10/2021, que tiveram consulta de MT após doença até 31/03/2022, tiveram um índice de massa corporal (IMC) médio de 25.1 kg/m 2, sendo que 41.9% destes PS apresentavam excesso de peso ou obesidade. As alterações analíticas mais frequentemente encontradas foram a elevação da Velocidade de Sedimentação (VS) e proteína C reativa. Na radiografia de tórax, 45 PS apresentavam alterações, e na TC de tórax 14 apresentavam alterações típicas de sequelas de pneumonia por SARS-CoV-2. Relativamente à avaliação da função respiratória, 45 (17%) apresentavam diminuição da difusão do CO e 3 (1.1%) apresentavam alterações espirométricas compatíveis com um padrão obstrutivo. Dos 267 PS, 10 (3.7%) tiveram necessidade de internamento no Serviço de Medicina Interna, 4 deles tiveram também necessidade de internamento na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e/ou Unidade de Cuidados Intermédios (UCIM). O tempo médio de diagnóstico após início de sintomas foi de 1.6 dias. No total foram realizadas 233 avaliações de IgG anti-nucleocapsídeo e 116 avaliações de IgG anti-spike. Quanto maior o tempo da infeção até obtenção do IgG anti-nucleocapsídeo, menor o nível de IgG anti-nucleocapsídeo. Relativamente à IgG anti-spike, quanto maior o tempo da infeção até obtenção do IgG anti-spike, maior o nível de IgG anti-spike (estatisticamente não significativo). Relativamente à presença de exposição tabágica e/ ou comorbilidades, 154 (62%) tinham pelo menos exposição tabágica e/ou uma comorbilidade prévia ao diagnóstico de SARS-CoV-2, sendo as mais comuns: patologia osteoarticular/ reumatológica, patologia respiratória, patologia do foro psíquico e hipertensão arterial (HTA). Relativamente à vacinação, a 31/03/2022, dos 267 PS avaliados em consulta de MT, 257 (96%) tinham esquema vacinal completo e 10 (3.7%) não tinham recebido nenhuma vacina por opção. Relativamente à variável Tempo de Absentismo, em média os trabalhadores estiveram ausentes por esta infeção 7 semanas. Dos 267 PS, apresentaram em média sintomatologia relevante durante 3.1 semanas, sendo os sintomas mais comuns mialgias (75%), anosmia e/ou ageusia (69%), cefaleias (66%), tosse (55%), dispneia (46%), estado subfebril (46%) e febre (42%). Apenas 5 (1.9%) dos PS foram totalmente assintomáticos. Deste grupo de PS, 169 (64%) apresentavam sintomas residuais: 47% cansaço e 39% outros sintomas residuais. Conclusão: Dos 267 PS que tiveram consulta de MT após doença até 31/03/2022, o tempo médio de diagnóstico após início de sintomas foi de 1.6 dias; o tempo médio de presença de sintomatologia relevante foi de 3.1 semanas e o tempo médio de absentismo foi de 7 semanas. 62% eram do sexo feminino, com uma média de idades de 39 anos. A maior idade e/ ou um maior IMC estão correlacionados com maior tempo de presença de sintomas relevantes. No nosso estudo verificou-se que o ter estado internado em Medicina Interna aumentou significativamente o tempo de fim de sintomas relevantes e o tempo de absentismo. Relativamente à vacinação, apesar da nossa taxa de vacinação (96%) ser superior à taxa a nível nacional, europeia e mundial, continuamos a ter cerca de 4% de PS que hesitaram e optaram pela não vacinação.