Presenteísmo de Profissionais de Saúde em Contexto de Pandemia COVID-19: A influência das chefias

Abstract

The act of showing up for work despite being sick is called presenteeism. Over the last few decades, this phenomenon has deserved the attention of the scientific community, verifying that it is a harmful behavior for individuals and institutions, which not only entails consequences for the well-being and health of workers, but also impairs their productivity resulting in financial costs for organizations and society as a whole. Healthcare is among the sectors most affected by this phenomenon. The literature has shown that individual factors, but especially organizational factors, influence presenteeism. The present study was developed in the context of the COVID-19 pandemic and aimed to analyze and characterize the presenteeism behaviors of health professionals, as well as to understand whether this behavior can be influenced by the supervisor. For this purpose, a questionnaire survey was applied to physicians, nurses and diagnostic and therapeutic technicians, working in health organizations (public, private, or public-private) located in Portugal.The results show a high prevalence of presenteeism behaviors among the 371 professionals who participated in the study. Although some individual factors are relevant, the relationship with the supervisor did not show a statistically significant correlation with presenteeism. According to the sample, it is the older professionals, with more years of experience, located in the Alentejo region and with a diagnosed disease event who have a higher productivity despite the illness, showing a greater capacity to fulfill their responsibilities.We believe that the study contributes to underlining the importance that presenteeism has for Portuguese healthcare organizations. Although the relationship with supervisors did not reveal a statistically significant correlation with presenteeism, we believe that the influence that leaders have on the way employees engage with work should be considered in the management of this behavior. In view of our results, we believe that it would be beneficial for all actors in the healthcare sector that organizations recognize the problem, implement new health promotion measures with the aim of mitigating the phenomenon, as well as review measures to combat absenteeism that may have counterproductive effects. We hope that this work will support other investigations in the same field of study, with larger samples and making use of more sophisticated analysis techniques.

Ao ato de se comparecer no trabalho mesmo estando doente é dado o nome de presenteísmo. Ao longo das últimas décadas este fenómeno tem merecido a atenção da comunidade científica, verificando-se que se trata de um comportamento danoso para indivíduos e instituições, que não só acarreta consequências para o bem-estar e saúde dos trabalhadores, como prejudica a sua produtividade resultando em custos financeiros para as organizações e para a sociedade no seu todo. A saúde está entre os setores mais afetados por este fenómeno. A literatura tem mostrado que fatores individuais, mas sobretudo fatores organizacionais, influenciam o presenteísmo. O presente estudo foi desenvolvido em contexto de pandemia por COVID-19 e teve como objetivo analisar e caraterizar os comportamentos de presenteísmo dos profissionais de saúde, bem como entender se este comportamento pode ser influenciado pelas chefias. Com este propósito, foi aplicado um inquérito por questionário dirigido a médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica, a exercer a sua atividade em organizações de saúde (públicas, privadas ou público-privadas) situadas em território nacional.Os resultados mostram uma grande prevalência de comportamentos de presenteísmo entre os 371 profissionais que participaram no estudo. Ainda que alguns fatores individuais sejam relevantes, a relação com as chefias não mostrou uma correlação estatisticamente significativa com o presenteísmo. De acordo com a amostra são os profissionais mais velhos, com mais anos de experiência, localizados na região do Alentejo e com um evento de doença diagnosticado que apresentam uma maior produtividade apesar de doença, mostrando uma maior capacidade em cumprir com as suas responsabilidades.Consideramos que o estudo contribui para sublinhar a importância que o presenteísmo tem para as organizações de saúde portuguesas. Apesar da relação com as chefias não ter revelado uma correlação estatisticamente significativa com o presenteísmo, acreditamos que a influência que os líderes têm na forma como os funcionários se relacionam com o trabalho deve ser considerada na gestão deste comportamento. Face aos nossos resultados consideramos que seria benéfico para todos os atores do setor que as organizações reconhecessem o problema e implementassem novas medidas de promoção da saúde com o objetivo de mitigar o fenómeno, bem como revissem medidas de combate ao absenteísmo que possam ter efeitos contraproducentes. Esperamos que este trabalho sirva de suporte a outras investigações no mesmo campo de estudo, com amostras de maior dimensão e fazendo uso de técnicas de análise mais sofisticadas.