Estudantes maiores de 23 anos na Universidade de Coimbra: Motivações, formação superior e trabalho.

Abstract

As recentes políticas educativas sublinham o papel das instituições de ensino superior enquanto espaços de aprendizagem ao longo da vida, traduzindo-se no reforço da formação para a empregabilidade através da responsabilização individual. Em Portugal, o Decreto-Lei n.o 64/2006 introduziu alterações quanto à forma como adultos com 23 anos ou mais (conhecidos como “novos públicos” devido ao aumento do número de inscritos) podem ingressar no ensino superior. O alargamento do acesso ao ensino superior a “novos públicos” tem conduzido ao aparecimento de estudantes com trajetórias académicas e experienciais distintas das dos tradicionais. Através de uma investigação mista estudou-se a perceção dos estudantes que ingressaram na Universidade de Coimbra entre 2011/2012 e 2014/2015, pelo concurso destinado a maiores de 23 anos, e que em 2017 se encontravam a frequentar, pelo menos, o 2.o ano, quanto às suas motivações para frequentar o ensino superior, relacionando-as com a sua situação profissional. Primeiramente foi administrado um inquérito por questionário a 170 estudantes, recorrendo-se ao SPSS para análise de dados. De seguida, realizou-se uma entrevista focalizada de grupo com 4 desses estudantes, procedendo-se a análise de conteúdo. Os dados quantitativos permitiram concluir que os estudantes são mobilizados tanto por motivações intrínsecas (dimensão hedonista e epistémica), como por motivações extrínsecas (dimensão económica, operacional profissional, identitária e vocacional). No entanto, a entrevista focalizada de grupo permitiu verificar que, tendencialmente, os estudantes procuram cursos afins das suas trajetórias profissionais, visando a reestruturação da carreira profissional, a inserção em novo emprego e a possibilidade de auferir remuneração mais elevada.