INFEÇÃO GRAVE PELO VÍRUS INFLUENZA E VÍRUS SINCICIAL RESPIRATORIO NOS CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS NOS ÚLTIMOS 15 ANOS

Abstract

Contexto: O vírus Influenza é um agente comum de infeções pediátricas. A maioria das infeções são ligeiras, mas algumas podem ter consequências graves, incluindo a morte. O objetivo deste estudo foi analisar os casos graves de infeção por vírus Influenza e compará-los com o VSR. Métodos: Estudo retrospetivo de crianças entre 0 e 17 anos internadas em cuidados intensivos pediátricos nos últimos 15 anos (2008-2022) por infeção por vírus Influenza no Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HP). Foram analisadas a apresentação clínica, gravidade e a evolução. Foram posteriormente comparados com os casos com infeção por VSR no mesmo período de estudo. Resultados: Foram identificados 47 casos de infeção por vírus Influenza (34% com co-infeção com outros vírus), com uma idade mediana de 2,3 anos (AIQ 6,1) e comorbilidades em 38%. A mediana de admissões foi de 3/ano, com um pico de 11 casos em 2019. O tipo A do vírus Influenza foi detetado em 96%. A apresentação clínica foi com sintomas respiratórios em 96%, sintomas neurológicos 38% e sépsis 28%. O principal motivo de internamento foi insuficiência respiratória (68%). A média do PIM2 na admissão foi de 9 ± 15,9%. Foi usado suporte ventilatório em 66% dos casos (invasivo em 45%, não invasivo em 32%), e foi necessário suporte vasoativo em 19% e hemoderivados em 17%. A duração mediana do internamento foi de 4 dias (AIQ 5). Registaram-se 4 mortes (8,5%). Durante o mesmo período houve 171 admissões por VSR (excluídos os casos de co- infeção, n=11). Conclusões: O número de internamentos em cuidados intensivos por infeção a vírus Influenza foi muito menor quando comparado com o número de internamentos por VSR no mesmo período. No entanto, a infeção por vírus Influenza foi mais grave (maior PIM2 à admissão e maior necessidade de cuidados de suporte) e a responsável por todas as mortes registadas. Um número importante de doentes era previamente saudável.

Backgrounds: Influenza virus is a common agent of pediatric infection. Most cases are mild, but severe illness and death can occur. The aim of this study was to analyze severe cases associated with influenza virus and compare it with RSV. Methods: We retrospectively studied children 0-17 years old, admitted to pediatric intensive care unit over the last 15 years (2008-2022) due to influenza virus at a tertiary hospital in Portugal. Clinical presentation, severity and evolution were analyzed. Comparison of children with RSV infection admitted in the same period was performed. Results: We identified 47 cases of influenza virus infection (34% coinfection with other viruses), with a median age of 2,3 years (IQR 6,1) and 38% had comorbidities. The median admissions were 3/year, with a peak of 11 cases in 2019. Influenza type A was identified in 96%. Clinical presentation was with respiratory symptoms in 96%, neurologic 38% and sepsis 28%. The main reason for admission was respiratory failure (68%). Mean PIM2 at admission was 9±15,9. Ventilatory support was used in 66% (invasive 45%, non-invasive 32%). Vasoactive support was required in 19% of patients and blood products in 17%. The median length of stay was 4 days (IQR 5). There were 4 (8,5%) deaths. During this period there were 171 admissions related to RSV infection (excluding coinfections; n=11). Conclusions: The number of influenza virus infections admitted to PICU was much lower than with RSV in the same period. However, influenza was more severe (higher PIM2 at admission and need of supportive care) and responsible for all deaths registered. An important number of patients were previously healthy.