Perceções e atitudes sobre o modo de transmissão da COVID-19 na população portuguesa

Abstract

Introdução: A pandemia por COVID-19, decretada pela OMS a 11 de Março de 2020 levou à adoção de medidas globais de prevenção da transmissão. Dado os impactos das mesmas, importa perceber a percepção, atitudes e práticas da população face às práticas preventivas adotadas e explorar a relação entre estas e a eficácia na prevenção da infeção.Objetivos: Caracterizar a perceção sobre a transmissão da COVID-19 e a sua influência nos comportamentos preventivos adotados; avaliar fatores que as influenciam, como ter histórico de infeção de COVID-19, ser doente crónico, profissional de saúde e a idade.Métodos: Estudo observacional transversal, com aplicação de questionário online via Google Forms a uma amostra da população portuguesa adulta. Os dados obtidos foram analisados pelo programa SPSS versão 26 e submetidos a análise estatística descritiva e inferencial, através dos testes t-Student e correlação de Pearson. Um p<0,05 e um intervalo de confiança de 95% foram utilizados para estabelecer significância estatística. Resultados: Amostra de 324 pessoas da população portuguesa, na sua maioria com histórico de infeção por COVID-19 (72,8%), dos quais 43 (19,1%) já teve mais de uma infeção, 119 eram profissionais de saúde (36,8%), 69 portadores de doença crónica (21,4%), e 94,7% da amostra tinha idade até 65 anos.Demonstrou-se uma correlação forte e significativa entre as variáveis de perceção de importância sobre as medidas de proteção individual e a sua adoção. O histórico de infeção, facto de ser doente crónico, profissional de saúde e variação na idade relacionaram-se significativamente tanto com a perceção como com as atitudes. Diferentes perceções foram também realçadas em relação à probabilidade, gravidade e capacitação da doença nas várias subpopulações.Discussão: Os presentes resultados devem ser cuidadosamente analisados, uma vez presentes algumas limitações na nossa amostra: o desenho transversal do estudo na inferência de associações causais, o viés de seleção da amostra e da desejabilidade social, a realização do estudo numa fase pós-pandémica e a utilização de um questionário ad hoc. Contudo, a perceção sobre a COVID-19 mostrou ter impacto nas práticas de proteção sobre a COVID-19, bem como se evidenciou a existência de diferenças significativas em vários subgrupos. Conclusão: De uma forma geral a amostra em estudo demonstrou uma boa perceção da doença e adesão às medidas de redução do risco de infeção existindo uma correlação positiva entre estes dois parâmetros analisados. Verificou-se também que os profissionais de saúde e os indivíduos com história de infeção não só atribuem maior importância à doença como têm uma maior adesão às medidas de proteção, quando comparados com os não profissionais de saúde e indivíduos sem história de infeção. No entanto, recomendam-se novos estudos para melhor explorar o conhecimento, atitudes e práticas da população, além de traçar novas estratégias de disseminação de informações que podem ser aplicadas em futuras pandemias.

Introduction: The COVID-19 was declared a Pandemic by the WHO on March 11, 2020, and led to the adoption of global measures to prevent transmission. Given their impacts, it is important to understand the perception, attitudes and practices of the population regarding the preventive practices adopted and explore the relationship between these and the effectiveness in preventing infection.Objectives: To characterize the perception about COVID-19 and its influence on the preventive behaviors; to assess factors influencing perception and practices adopted, like having a history of infection with COVID-19 (having or not had an infection, number of infections, and time interval until first infection), suffering from chronic diseases, being a healthcare professional or age.Methods: Cross-sectional observational study with the application of an online survey via Google Forms to a sample of a Portuguese adult population. The data obtained were analyzed using the SPSS version 26 program and subjected to descriptive and inferential statistical analysis through the t-Student test and Pearson’s correlation test. p < 0.05 and 95% confidence interval were used to declare statistical significance.Results: sample of 324 people from the Portuguese population, mostly with a background of COVID-19 infection (72.8%), of which 43 (19.1%) had already had more than one infection, 119 health professionals (36, 8%), 69 with chronic disease (21.4%), with 94.7% of the sample aged up to 65 years.A highly significant relationship was demonstrated between the variables of perceived importance of individual protection measures and their adoption. In addition to a relationship between themselves, both variables showed significant relationships with subpopulations with a history of infection, chronically ill patients, health care professionals and age range. Different perceptions were also highlighted in relation to the likelihood, severity, and empowerment of the disease, according to the various subpopulations.Discussion: The presented results should be carefully analyzed, once some limitations are presented in our sample. Since, the impact of the cross-sectional study design on the inference of causal associations, sample selection bias and social desirability, conducting the study in a post-pandemic phase, and the use of an ad hoc questionnaire. However, perceptions about COVID-19 were shown to have an impact on protective practices regarding COVID-19, and significant differences were evident in several subgroups.Conclusion: In general, the study sample showed a good perception of the disease and adherence to measures to reduce the risk of infection, with a positive correlation between these two parameters analyzed. It was also found that health care professionals and individuals with a history of infection not only attributed greater importance to the disease, not only assigned greater importance to the disease, but also had a higher adherence to protective measures, when compared to non-health care professionals and individuals with no history of infection. However, further studies are recommended to better explore the population's knowledge, attitudes and practice as well as to outline new strategies for information dissemination that can be applied in future pandemics.