Ansiedade, Depressão, Stresse e Insatisfação com a Imagem Corporal em Adolescentes Obesos

Abstract

Introdução: A obesidade pediátrica atingiu proporções epidémicas a nível mundial, pelo que é considerada um problema importante de saúde pública. Desta patologia podem advir consequências para a saúde física e mental. Estas últimas adquirem especial relevância na adolescência, fase na qual se desenvolvem competências sociais e emocionais capazes de se refletir a longo prazo na vida do indivíduo.Objetivos: Avaliar a prevalência de alterações do domínio psicológico – ansiedade, depressão, stresse – e de insatisfação com a imagem corporal numa amostra clínica de adolescentes obesos e perceber a utilidade da aplicação sistemática de instrumentos de rastreio em Consulta de Pediatria-Obesidade.Material e Métodos: Estudo observacional, transversal e caso-controlo realizado em Consultas de Pediatria-Obesidade (Grupo de Estudo) e de Pediatria Geral (Grupo de Controlo) do Serviço de Pediatria Ambulatória do Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, através do autopreenchimento de dois questionários: Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse para Crianças e a Escala de Silhuetas de Collins para Crianças e Adolescentes. A análise estatística foi realizada através do Statistical Package for the Social Sciences (versão 25). Resultados: Participaram 92 adolescentes – 72 casos e 20 controlos – com idades médias de 13,31 e 13,20 anos, respetivamente, sendo 40 (56%) vs 8 (40%) do sexo feminino. No grupo de estudo, 43% apresentaram sintomas de ansiedade, 33% de depressão e 31% de stresse, sendo a prevalência superior nas raparigas. O grupo de controlo apresentou uma mediana de pontuações superior em todas as dimensões avaliadas, mas com diferenças sem significado estatístico. Em relação à satisfação com a imagem corporal, os jovens obesos demonstraram estar mais insatisfeitos com a autoimagem que os adolescentes normoponderais (96% vs 65%; p<0.001).Discussão: Em idade pediátrica, a literatura atual não é consensual na associação entre obesidade e doença mental. No entanto, múltiplos estudos reportam a existência de níveis aumentados de psicopatologia na rapariga obesa, tal como foi por nós verificado. Em relação à satisfação com a autoimagem, os resultados obtidos vão ao encontro dos já descritos em investigações prévias.Conclusão: A elevada prevalência de comorbilidades psicológicas encontrada na presente investigação reforça a necessidade do seu rastreio sistemático em adolescentes obesos. Isto poderá ser feito utilizando instrumentos como os apresentados.

Introduction: Obesity reached epidemic proportions worldwide. Therefore, it is considered a significant public health problem. Because this condition can impact both physical and mental health, it becomes especially relevant during adolescence – a period when an individual develops social and emotional skills capable of having long-lasting effects.Objectives: To evaluate the prevalence of changes in psychological well-being – anxiety, depression, stress – and body image dissatisfaction in a clinical sample of obese adolescents and comprehend if the systematic application of screening tools during Obesity Consultation is helpful. Material and Methods: We conducted an observational, cross-sectional, and case-control study in Coimbra’s Pediatric Hospital. The participants filled out two self-report questionnaires: Depression, Anxiety and Stress Scale -Children and Collins’ Body Image Scale for Children and Adolescents. Data analysis was performed using Statistical Package for the Social Sciences (version 25). Results: Ninety-two participants were included in the study – 72 cases and 20 controls – with mean ages of 13,31 and 13,20 years, respectively, and with 40 (56%) vs 8 (40%) females. Among the obese adolescents, 43% had anxiety symptoms, 33% depression symptoms, and 31% stress symptoms. The prevalence was higher in girls.The control group presented higher median scores in all the dimensions evaluated, but the differences had no statistical significance. Regarding body image satisfaction, obese adolescents showed more dissatisfaction than normal-weight adolescents with self-image (96% vs 65%; p<0.001).Discussion: Current literature is not consensual on the association between pediatric obesity and mental illness. Nonetheless, multiple studies report increased levels of psychopathology in obese girls, just as we verified. Regarding body image satisfaction, our results are in line with those already described by previous investigations.Conclusion: The high prevalence of psychological comorbidities found in the present investigation reinforces the need for systematic screening in obese adolescents. This can be done using instruments such as the ones presented.