MELANOMA: IMPACTO DO RASTREIO NA PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE

Abstract

O melanoma é um tipo de cancro cutâneo potencialmente fatal, responsável por cerca de 80% das mortes por cancro cutâneo. Na última década a sua incidência tem vindo a aumentar com um maior número de casos diagnosticados, principalmente nas faixas etárias mais velhas. O prognóstico do melanoma está intimamente relacionado com o estadio deste ao diagnóstico. Estadios iniciais, caracterizados por uma menor espessura do tumor primário, associam-se a um melhor prognóstico. O prognóstico é ainda mais desfavorável se existir doença à distância ao momento do diagnóstico. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma podem incluir-se fatores individuais e ambientais. Os fotótipos mais baixos, o número elevado de nevos comuns, a presença de nevos displásicos, a história familiar e certas alterações genotípicas, estão associados a um maior risco. Por outro lado, um fator de risco amplamente descrito é a exposição à radiação ultravioleta, quer por exposição solar quer pela utilização de meios artificiais como solários e alguns tratamentos médicos. A prevenção primária do melanoma consiste no controlo dos fatores de risco conhecidos, nomeadamente através de campanhas de consciencialização da população para os riscos da exposição solar. Por sua vez, a prevenção secundária tem como objetivo o diagnóstico precoce. Neste contexto, o rastreio populacional tem sido frequentemente advogado como forma de potencialmente reduzir a morbilidade e mortalidade por melanoma. A evidência atual não permite aferir com clareza os efeitos benéficos dos rastreios de base populacional. Apesar de se ter verificado um aumento da incidência após rastreios deste tipo, não foi observado um impacto significativo na redução da mortalidade. A implementação do rastreio dirigida a indivíduos de alto risco poderá ser uma medida alternativa de potencial interesse, embora careça de mais estudos que comprovem o seu benefício.

Melanoma is a potentially fatal type of skin cancer, responsible for about 80% of skin cancer deaths. In the last decade, its incidence has been increasing with a higher number of cases diagnosed, mainly in older age groups. The prognosis of melanoma is closely related to its stage at diagnosis. Early stages, characterised by less thickness of the primary tumour, are associated with a better prognosis. The prognosis is even more unfavourable if there is distant disease at the time of diagnosis. Risk factors for the development of melanoma may include individual and environmental factors. Lower phototypes, a high number of common nevi, the presence of dysplastic nevi, family history and certain genotypic alterations are associated with a higher risk. On the other hand, a widely described risk factor is the exposure to ultraviolet radiation, either by sun exposure or using artificial means such as sunbeds and some medical treatments. Primary prevention of melanoma consists of controlling the known risk factors, namely through campaigns to make the population aware of the risks of solar exposure. On the other hand, secondary prevention aims at early diagnosis. In this context, population screening has often been advocated as a way to potentially reduce melanoma morbidity and mortality. Current evidence does not allow for a clear assessment of the beneficial effects of population-based screening. Although there has been an increase in incidence following such screening, no significant impact on reducing mortality has been observed. The implementation of screening targeted at high-risk individuals may be an alternative measure of potential interest, although it needs further studies to prove its benefit.