Orientação de convulsões febris no serviço de urgência do Hospital Pediátrico de Coimbra nos anos de 2011 e 2021 – estudo comparativo

Abstract

Introduction: Febrile seizures (FS) are the most common cause of seizures in children, with an incidence of 2-5%, from six months to five years. The diagnosis is clinical, usually without the need for further investigations. The objective of this study is to evaluate the management of children with FS during the years of 2011 and 2021, to investigate whether there were changes in clinical practices. Methods: Cross-sectional observational study of children admitted to a pediatric emergency department diagnosed with FS in 2011 and 2021. Clinical and demographic data were collected, using the ICD9 and ICD10 codes for simple and complex FS. For statistical analysis, SPSS Statistics 27 was used, with α=0,05.Results: A total of 110 cases were analyzed, 40 in 2011 and 70 in 2021. In 2011 the median age was 21,50 months and in 2021 it was 22,50 months. Diazepam administered at the pre-hospital level was comparable in both years, 37,50% in 2011 and 35,71% in 2021, with adequate dosage. The laboratory investigation was 65,00% in 2011 and 55,71% in 2021, higher in 2011 (p=0,341), as was seen in the use of neuroimaging studies (17,50% in 2011, 8,57% in 2021) (p=0,119). The percentage of children hospitalized was similar in 2011 (62,60%) and 2021 (58,57%) (p=0,686), but the median length of stay reduced significantly from 23h00 in 2011 to 11h30 in 2021 (p<0,001). Discussion: The management of children out of the hospital was similar in both years, suggesting the parents’ information has been maintained over the years. In the management in a hospital setting was observed an improvement, with significant reductions in the realization of analysis and neuroimaging studies, as well as a decrease in hospitalization time. Conclusion: This study shows there is a good management of FS in both an out of hospital and a hospital setting.

Introdução: As convulsões febris (CF) são a causa mais frequente de convulsões na infância, ocorrendo em cerca de 2-5% das crianças, entre os seis meses e os cinco anos. O diagnóstico é clínico, habitualmente sem necessidade de investigação complementar. O objetivo deste estudo foi avaliar a orientação das crianças com CF no ano de 2011 e no ano de 2021, para investigar se houve alterações nas práticas clínicas. Métodos: Estudo observacional transversal de crianças que foram admitidas num serviço de urgência pediátrica com diagnóstico de CF em 2011 e em 2021. Os dados clínico-demográficos foram recolhidos com recurso ao processo clínico, através dos códigos de ICD9 e ICD10 para CF simples e complexas. Para a análise estatística foi utilizado o SPSS Statistics 27, com valor α=0,05. Resultados: Foram analisados um total de 110 casos, 40 em 2011 e 70 em 2021. Em 2011 a mediana das idades foi de 21,50 meses e em 2021 foi de 22,50 meses. O diazepam administrado a nível pré-hospitalar foi equiparável nos dois anos, 37,50% em 2011 e 35,71% em 2021, com dose adequada. A realização de estudo analítico foi de 65,00% em 2011 e 55,71% em 2021, maior em 2011 (p=0,341), tal como se observou no recurso à neuroimagem (17,50% em 2011, 8,57% em 2021) (p=0,119). A percentagem de crianças internadas em Unidade de Internamento de Curta Duração foi sobreponível em 2011 (62,60%) e 2021 (58,57%) (p=0,686), mas a duração mediana do internamento reduziu significativamente de 23h00 em 2011 para 11h30 em 2021 (p<0,001). Discussão: A orientação pré-hospitalar foi semelhante nos dois anos, sugerindo que o ensino aos pais destas crianças se tem mantido sem alterações ao longo dos anos. Na orientação hospitalar observou-se uma melhoria clínica, com diminuição importante do recurso ao estudo analítico e exames de neuroimagem, bem como diminuição do tempo de internamento. Conclusão: O estudo revela que existem uma boa orientação das CF, quer a nível pré-hospitalar quer a nível hospitalar.