SER + CAPAZ Contributos da intervenção socioeducativa para o perfil da pessoa jovem à saída do Acolhimento Residencial

Abstract

Como nos apresenta o Relatório CASA (ISS, 2022), de caracterização anual da situação de acolhimento das crianças e jovens, 65% do número total de crianças e jovens em acolhimento encontra-se na fase da adolescência e início da idade adulta (entre os 12 e os 20 anos), com predomínio em jovens do sexo masculino. No diz respeito à definição do projeto de vida para os jovens entre os 12 e os 17 anos é predominante a (re)integração na família nuclear e/ou alargada, seguindo-se a autonomização, e para os jovens com 18 ou mais anos o projeto que prepondera é a autonomização seguido do acolhimento permanente. Esta tendência, frequentemente apontada pela literatura, foi também identificada na Casa de Acolhimento Residencial do Loreto – Obra de Promoção Social de Coimbra, entidade de realização do estágio a que este relatório diz respeito. Surge, assim, um notório desafio de intervenção socioeducativa para responder de forma intencional, sistemática e estruturada e inovadora, às necessidades de desenvolvimento de competências para a vida integradas numa proposta de perfil de competências da pessoa jovem à saída do acolhimento residencial, tendo ainda em vista contribuir para o desenvolvimento de competências especificas consoantes as suas necessidades backgrounds e projetos de vida de cada pessoa jovem. Muito por estes motivos, o presente relatório de estágio insere-se no domínio da promoção de competências para a autonomia de vida no acolhimento residencial e apresenta as atividades desenvolvidas no âmbito do estágio curricular do Mestrado em Educação Social, Desenvolvimento e Dinâmicas Locais, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Numa primeira fase a intervenção socioeducativa em contexto de acolhimento residencial foi integrada nas rotinas da casa e dos jovens (i), nas tarefas dos técnicos (ii), no trabalho de gestão da Casa (iii), na identificação de necessidades dos jovens e da casa, que informaram a conceção e planeamento da restante intervenção a realizar ao longo do estágio, nomeadamente no que diz respeito a atividades de educação não formal com os jovens e à construção de propostas de atelieres de autonomização, sua implementação e avaliação.Pela necessidade específica de orientação da autonomia de vida dos jovens da casa foi realizado um estudo qualitativo intitulado de “O desenho do perfil d@ jovem à saída da casa de acolhimento”. Com base em seis entrevistas semiestruturadas realizadas a três jovens ex-acolhidos/as e três jovens ainda em acolhimento, o estudo teve como objetivo realizar um levantamento diferencial das principais competências que a pessoa jovem reconhece como necessitando adquirir durante o período de acolhimento residencial, para se preparar para uma saída segura da casa e para se reconhecer, e ser reconhecida, como uma pessoa mais capaz e autónoma. A checklist do “Perfil da Pessoa Jovem à Saída do Acolhimento Residencial” é o recurso de orientação da intervenção socioeducativa desenvolvido a partir do estudo, e apresenta um elenco de 30 competências (pessoais, de interação social e instrumentais), que pode ser utilizado para auto e hétero identificação, planeamento e avaliação de competências para a autonomia, que permite uma flexível e sustentável articulação com o projeto de vida de cada pessoa jovem.

As the CASA Report (ISS, 2022), which provides an annual characterization of the situation of children and young people in foster care, shows, 65% of the total number of children and young people in foster care are in their teens and early adulthood (between 12 and 20 years old), with a predominance of young males. In terms of defining a life project, for young people aged between 12 and 17, (re)integration into the nuclear and/or extended family is predominant, followed by autonomy, and for young people aged 18 or over, the predominant project is autonomy followed by permanent foster care. This trend, often pointed out in the literature, was also identified at the Loreto Residential Home - Obra de Promoção Social de Coimbra, where the internship to which this report refers took place. There is thus a notorious challenge for socio-educational intervention to respond in an intentional, systematic, structured and innovative way to the needs of developing life skills integrated into a proposed skills profile for young people leaving residential care, with a view to contributing to the development of specific skills in line with the needs, backgrounds and life projects of each young person.For these reasons, this internship report is part of the field of promoting skills for independent living in residential care and presents the activities carried out as part of the curricular internship for the Master's Degree in Social Education, Development and Local Dynamics at the Faculty of Psychology and Educational Sciences of the University of Coimbra. In the first phase, the socio-educational intervention in the context of residential care was integrated into the routines of the home and the young people (i), the tasks of the technicians (ii), the work of managing the home (iii), the identification of the needs of the young people and the home, which informed the design and planning of the rest of the intervention to be carried out throughout the internship, namely with regard to non-formal education activities with the young people and the construction of proposals for autonomy workshops, their implementation and evaluation.Because of the specific need to guide the autonomy of the young people in the home, a qualitative study was carried out entitled "The design of the young person's profile on leaving foster care". Based on six semi-structured interviews with three former foster children and three young people still in foster care, the study aimed to carry out a differential survey of the main skills that the young person recognizes as needing to acquire during the period of residential care, to prepare for a safe exit from the home and to recognize themselves, and be recognized, as a more capable and autonomous person. The "Young Person's Profile on Leaving Residential Care" checklist is the guiding resource for socio-educational intervention developed from the study, and presents a list of 30 competences (personal, social interaction and instrumental), which can be used for self- and hetero-identification, planning and evaluation of competences for autonomy, allowing for flexible and sustainable articulation with each young person's life project.