Instrumentos e mecanismos de poder da fidalguia (Coimbra, séculos XVIII e XIX)

Abstract

O presente capítulo pretende traçar um quadro geral da fidalguia local no século XVIII tendo como ponto de partida a caracterização geral deste estrato na região centro de Portugal e com maior incidência da região de Coimbra. Em termos de objetivos específicos procuraremos: delimitar este estrato social; perceber as linhas de evolução face a períodos anteriores; identificar aspetos identitários e caracterizar mecanismos de apropriação de poder, privilégio e manutenção de estatuto. Através do cruzamento em fontes diversificadas (documentação municipal, inventários orfanológicos, registos notariais, registo paroquiais, nobiliários, habilitações, entre outros) numa perspetiva de análise integrada de redes, mas também comparativa, procurar-se-à identificar tendências de evolução no contexto local e traçar alguns paralelos com a evolução de outros espaços nacionais. Esta análise, como referimos, pretende clarificar o processo de evolução deste estrato nobiliárquico, alicerçado na vinculação em morgadio de um conjunto muito significativo de bens de raiz, numa forte disciplina na definição dos destinos dos membros da Casa (masculinos e femininos), na apropriação e manutenção de cargos no contexto dos poderes locais e no estabelecimento de redes de influência com outras famílias e estratos sociais. Torna-se, igualmente, um objetivo relevante do estudo a sistematização dos momentos resultantes e decisões pessoais ou de conjunturas económicas e sociais específicas, que marcaram viragens no percurso destas casas fidalgas e averiguar de que forma tiveram impacto na fortuna da família, na relação com o seu espaço de influência e na sua inserção no universo das elites locais. Neste contexto, os estudos de caso e a utilização de percursos específicos torna-se fundamental.