Os Determinantes do Trabalho Digno: Variáveis Individuais e Organizacionais

Abstract

O presente estudo analisou a relação entre variáveis individuais (sexo, habilitações académicas e idade) e variáveis organizacionais (vínculo profissional e antiguidade na organização) com a perceção do Trabalho Digno. A amostra consistiu em 244 participantes de sete organizações. A perceção do Trabalho Digno foi avaliada através do Questionário do Trabalho Digno (DWQ). Os resultados indicaram que as variáveis individuais e organizacionais estavam parcialmente relacionadas com a perceção dos trabalhadores sobre o Trabalho Digno. Os homens apresentaram maior perceção nas dimensões de Princípios e valores fundamentais no trabalho e Trabalho realizante e produtivo. Trabalhadores com o ensino superior mostraram maior perceção dos Princípios e valores fundamentais no trabalho, Remuneração significativa para o exercício de cidadania, Oportunidades, Trabalho realizante e produtivo e Saúde e segurança. Trabalhadores entre 18 e 25 anos apresentaram maior perceção dos Princípios e valores fundamentais no trabalho, enquanto os com mais de 45 anos tiveram maior perceção de Oportunidades e Saúde e segurança. Trabalhadores com contrato a termo apresentaram um nível mais elevado de perceção em todas as dimensões do Trabalho Digno, exceto na Proteção social. A antiguidade na organização mostrou que trabalhadores com mais de cinco anos apresentaram menor perceção em todas as dimensões do Trabalho Digno. No que respeita a implicações teóricas, o estudo contribui para o enriquecimento da rede nomológica do conceito, reforçando a importância dos determinantes do Trabalho Digno. Nas implicações práticas, destacou-se a necessidade de igualdade de oportunidades, salários justos, qualidade de vida no trabalho, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e segurança social. O estudo apresentou limitações, como o uso de uma amostra intencional e a análise de apenas alguns setores de trabalho. Estudos futuros devem abordar outros setores e considerar a perceção dos trabalhadores com empregos informais.

The present study analyzed the relationship between individual variables (gender, academic qualifications and age) and organizational variables (professional bond and seniority in the organization) with the perception of Decent Work. The sample consisted of 244 participants from seven organizations. The perception of Decent Work was assessed using the Decent Work Questionnaire (DWQ). The results indicated that individual and organizational variables were partially related to workers' perception of Decent Work. Men showed greater perception in the dimensions of Fundamental principles and values at work and Fulfilling and productive work. Workers with higher education showed greater perception of the Fundamental principles and values at work, Meaningful remuneration for the exercise of citizenship, Opportunities, Fulfilling and productive work, and Health and safety. Workers aged between 18 and 25 had a greater perception of the Fundamental principles and values at work, while those over 45 had a greater perception of Opportunities and Health and safety. Fixed-term contract workers showed a higher level of perception in all dimensions of Decent Work, except Social protection. Seniority in the organization showed that workers with more than five years had a lower perception in all dimensions of Decent Work. With regard to theoretical implications, the study contributed to enriching the nomological network of the concept, reinforcing the importance of the determinants of Decent Work. In terms of practical implications, the need for equal opportunities, fair wages, quality of life at work, balance between professional and personal life and social security. The study had limitations, such as the use of an intentional sample and the analysis of only a few work sectors. Future studies should address other sectors and consider the perception of workers with informal jobs.