Versão Portuguesa do Inventário de Estratégias de Evitamento Emocional: Estudos de validação numa amostra comunitária de adolescentes

Abstract

Emotional avoidance emerges as a maladaptive strategy for emotional regulation in the face of everyday adversities. This strategy aims to alleviate the impact of emotional experiences that cause discomfort in the individual. Adolescence proves to be a developmental stage filled with challenges at biological, physical, emotional, and social levels. For these reasons, young people are more prone to adopt this strategy.The main objective of the present study is to validate the Emotional Avoidance Strategies Inventory for Adolescents (EASI-A; Kennedy & Ehrenreich-May, 2017), given the scarcity of measures assessing this dimension. This self-report scale aims to assess the use of emotional avoidance strategies in adolescents and consists of three factors: Avoidance of Thoughts and Feelings; Avoidance of Emotional Expression; Distraction.The sample consisted of 120 participants, 66 (55%) female, 53 (44.2%) male, and 1 (0.8%) subject who identified as "other," ranging in age from 12 to 18 years (M = 15.21 years; SD = 1.89 years).The dimensionality of the scale was assessed through Confirmatory Factor Analysis; however, it did not reach acceptable fit indices, making it impossible to confirm the multidimensional model advocated in the original study.The scale showed an adequate level of internal consistency (total factor α = .85; Avoidance of Thoughts and Feelings α = .79; Avoidance of Emotional Expression α = .75; Distraction α = .63). Regarding construct validity in relation to relevant external variables, it was observed that the total factor of the scale established positive correlations with distress tolerance, depression, anxiety, stress, emotional regulation difficulties encompassing clarity, goals, impulses, non-acceptance, and strategies. On the other hand, it showed negative correlations with social well-being and conscientiousness. The Avoidance of Thoughts and Feelings factor showed positive correlations with distress tolerance, depression, stress, emotional regulation difficulties, including goals and strategies, and negative correlations with conscientiousness. The Avoidance of Emotional Expression dimension demonstrated positive correlations with distress tolerance, depression, anxiety, and stress, as well as emotional regulation difficulties, including clarity, impulses, and non-acceptance. In contrast, it established significant negative correlations with emotional, social, and psychological well-being and perceived quality of life. Distraction showed significant positive correlations with distress tolerance, emotional well-being, and non-acceptance, unlike conscientiousness, which reported negative correlations. The three factors comprising the scale correlated positively with each other in a significant manner.In conclusion, despite its limitations, it is possible to consider the EASI-A as a useful and valid instrument for assessing emotional avoidance in this age group, both for clinical practice and research contexts.

O evitamento emocional surge como estratégia mal-adaptativa de regulação emocional, face às adversidades que surgem no quotidiano. Esta estratégia tem como finalidade aliviar o impacto das experiências emocionais que causam desconforto no indivíduo. A adolescência revela-se uma etapa desenvolvimental, repleta de desafios a nível biológico, físico, emocional e social. Por estes motivos, os jovens possuem uma maior propensão à adoção desta estratégia.O principal objetivo do presente estudo é validar o Inventário de Estratégias de Evitamento Emocional para Adolescentes (EASI-A; Kennedy & Ehrenreich-May, 2017), dada a carência de medidas que avaliem esta dimensão. Esta escala de autorrelato pretende avaliar o uso de estratégias de evitamento emocional em adolescentes e é composta por três fatores: Evitamento de Pensamento e Sentimentos; Evitamento da Expressão Emocional; Distração.A amostra foi constituída por 120 participantes, 66 (55%) do sexo feminino, 53 (44.2%) do sexo masculino, e 1 (0.8%) sujeito que se identificou como “outro”, com as idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos (M = 15.21 anos; DP = 1.89 anos). A dimensionalidade da escala foi avaliada através de uma Análise Fatorial Confirmatória, contudo não alcançou indicadores de ajustamento aceitáveis, não tornando possível a confirmação do modelo multidimensional defendido no estudo original.A escala revelou um nível adequado de consistência interna (fator total α = .85; Evitamento de Pensamento e Sentimentos α = .79 ; Evitamento da Expressão Emocional α = .75; Distração α = .63). No que diz respeito à validade do construto em relação a variáveis externas relevantes, observou-se que o fator total da escala, estabeleceu correlações positivas com a tolerância ao sofrimento, a depressão, a ansiedade, o stresse, as dificuldades de regulação emocional englobando a clareza, os objetivos, os impulsos, a não aceitação e as estratégias. Por outro lado, apresentou correlações negativas com o bem-estar-social e a consciência. O fator Evitamento de Pensamentos e Sentimentos, revelou correlações positivas com a tolerância ao sofrimento, a depressão, o stresse, as dificuldades de regulação emocional, incluindo objetivos e estratégias e correlações negativas com a consciência. A dimensão Evitamento da Expressão Emocional, demonstrou correlações positivas com a tolerância ao sofrimento, a depressão, ansiedade e stresse, as dificuldades de regulação emocional, compreendendo clareza, impulsos e não aceitação. Contrapondo, estabeleceu correlações negativas significativas com o bem-estar emocional, social e psicológico e com a perceção de qualidade de vida. A Distração, apresentou correlações positivas significativas com a tolerância ao sofrimento, o bem-estar emocional e a não aceitação, ao contrário da consciência que reportou correlações negativas. Os três fatores que constituem a escala, correlacionam-se entre si de forma significativamente positiva.Em conclusão, apesar das limitações, é possível considerar a EASI-A, um instrumento útil e válido na avaliação do evitamento emocional nesta faixa etária, tanto para a prática clínica, como para o contexto de investigação.